... por não querer viajar, por ter querido viajar contigo e me ter perdido.
Por me encontrar e não me querer devolver, por apenas não te amar, mas ter-te sentido.
Não existes, não como uma viagem, mas como um caminho. Sempre quis ser livre e sempre te quis libertar de ti. Não te amo, porque nunca te quis amar de verdade, porque não existes hoje, e porque insistes em viver em mim.
terça-feira, dezembro 23, 2008
sábado, dezembro 20, 2008
sentes...
... tens a culpa desenhada no teu corpo e não deixas que te toquem por te quereres sentir delustrada...
Quando desces essa rua no sentido contrário a uma tua vontade, negas um prazer que te levou a fugir de tudo e a deixar-te tão somente só.
Sem que entendas um teu regresso, fica a inércia de um tempo que não te libertou de um sossego e que apenas te fez ficar e não mais voltar a seres tu.
Já não estou cá ...
terça-feira, dezembro 16, 2008
analógico...
... ontem encontrei-te a meio de uma frase e resolvi escrever em versos, todo o teu pecado, desprender-me de uma prosa que me parece odiar em cada parágrafo que desprezo, numa amoralidade bem vinda, num miserabilismo sentido contra tudo aquilo que entendes por ser um preceito comum.
Aprende a deixar o tempo arrastar-se nos ponteiros desse relógio, que parece não saber o que é parar...
quinta-feira, dezembro 11, 2008
divã...
... o cinzeiro abandonado no canto dessa mesa despida de si, parece ser a demanda de um travo amargo de um malte já degustado pelas sóbrias tentações de uma conversa que termina num ébrio minuto de silêncio.
... desses copos tombados, desfilam verbos que se repetem, apenas eternizados por uma iminente loucura que se foi arrastando lentamente no tempo.
... e eis que o segredo acaba por adormecer nos seus braços.
terça-feira, dezembro 09, 2008
em segredo ...
... dois corpos vazios de palavras, que se desnudam com a pressa de um erro, por entre uma dislexia galopante, quase selvagem, onde lentamente vão desenhando todo esse desejo inconstante que desfalece, já longe de uma luz que os parece julgar em cada movimento perpétuo de um prazer que não cessa.
Adormecem numa noite em que o céu se escondia do mundo ...
frio ...
Sempre te quis só.
Desta minha liberdade roubada ao medo, não me reconheço diante de ti.
Se foi esta, a voz grave que ditou ao silêncio o encerrar de uma vida cheia de nós, julgo que este é o intervalo vazio de um mundo, que me despe hoje à cabeceira.
Desta minha liberdade roubada ao medo, não me reconheço diante de ti.
Se foi esta, a voz grave que ditou ao silêncio o encerrar de uma vida cheia de nós, julgo que este é o intervalo vazio de um mundo, que me despe hoje à cabeceira.
terça-feira, novembro 25, 2008
mais ...
... chegaste tarde e eu saí cedo de mais.
Não tínhamos horas, assim como nunca tivémos pressa de nos obrigar a voltar a trás.
Das rosas que foram tombando neste caminho estreito de uma vida desenhada pela saudade, jaz o desejo de uma solidão quase serena.
Hoje continuo bem longe, a escutar todo o teu silêncio.
quarta-feira, novembro 19, 2008
meia lua ...
Numa noite decalcada pela saudade, dançava já sem fôlego toda essa felicidade que se arrastava só por ruas vazias de uma luz quase deserta.
Sempre que nos perdemos num nosso olhar, beijámo-nos vezes sem conta, e olhámos sempre vezes de mais.
De tudo o que tivémos direito, restou uma meia lua e não uma lua inteira que nos enchesse de coragem para poder fugir de nós.
Porquê?
quarta-feira, novembro 12, 2008
descrição...
... do fim de noite, o casaco estendido no meio de uma sala vazia, uma voz que não cessa, e um corpo prostrado numa cama dessarranjada pela pressa do dia que acabou por passar.
O toque sentido, sem sentido no corpo que gela do frio que trespassa o arrepio de uma morena certeza que se despe sem culpa.
O desejo que não finda, os olhos que se procuram num negro silêncio de um despertar que adormece sempre sozinho.
O ímpeto do erro que nasce da saudade e se afoga no ensejo de nada mais existir, do que apenas amar pelos minutos seguintes de um acordar já passado, despertado pela mão desse prazer que resiste, que subsiste...
sexta-feira, novembro 07, 2008
um lugar vazio a mesa...
... do cair da tarde recordo o frio que chegava de mansinho a epiderme de um toque, vencido pela saudade do tempo que me culpava por não ter ficado.
Jamais achei poder amar um outro corpo senão aquele que me preenchia os sentidos de uma irracionalidade amoral, de uma invencibilidade eterna, de uma culpa verdadeira.
A nossa aventura é o nosso maior segredo.
Dura há anos, esse medo de um gesto que não chega mas que não tarda, que apesar de nunca prometido, valeu sempre a pena esperar por ele ...
... no final desapareces e deixas que o silêncio tome conta da nossa história ...
Jamais achei poder amar um outro corpo senão aquele que me preenchia os sentidos de uma irracionalidade amoral, de uma invencibilidade eterna, de uma culpa verdadeira.
A nossa aventura é o nosso maior segredo.
Dura há anos, esse medo de um gesto que não chega mas que não tarda, que apesar de nunca prometido, valeu sempre a pena esperar por ele ...
... no final desapareces e deixas que o silêncio tome conta da nossa história ...
segunda-feira, outubro 27, 2008
conceitos...
Nem fogo nem água.
Apenas uma porta que se fecha de vez.
Sem passos contados nem corredores escuros que me atormentem uma saudade que desfaleceu em cada momento em que me encontrei só.
Da partida não se aguarda o meu regresso, do futuro não se espera um meu passado.
Quem se perdeu afinal?
Apenas uma porta que se fecha de vez.
Sem passos contados nem corredores escuros que me atormentem uma saudade que desfaleceu em cada momento em que me encontrei só.
Da partida não se aguarda o meu regresso, do futuro não se espera um meu passado.
Quem se perdeu afinal?
domingo, outubro 19, 2008
3 anos
... sem que me abracem ou escutem, desaprendi a cuidar do tempo, e todo o meu espaço se encontra gravado na memória das palavras que escrevo, por tudo o que ouço e vivo, sempre mais pelos outros do que por mim.
A saudade não se nega a ninguém.
Esta minha saudade não a nego a ninguém senão a mim mesmo. Sei que não gosto de mim nos dias em que até posso gostar de ti.
Hoje e sempre, serei uma ilusão.
Acabo por não acreditar se existo de verdade, assim como não me revejo a renascer no séquito de uma minha falsa esperança.
Sem que me abraces ou escutes, não desaprendo a cuidar das palavras que te ofereço, e que por ti jamais esqueço... os dias que por nós vagueiam.
Bem-hajas...
quarta-feira, outubro 08, 2008
não há amor como o primeiro...
... após as primeiras chuvas de um Outono tardio dá-se a metamorfose, primeiro no ar, no cerco das pétalas, e um pouco mais tarde num qualquer pedaço de terra medíocre, com o despontar de novas espécies sem nome, mas com vida...
É o retrato de uma história sem um final feliz...
... assim como a saudade, o amor... que não há como o primeiro.
É o retrato de uma história sem um final feliz...
... assim como a saudade, o amor... que não há como o primeiro.
terça-feira, outubro 07, 2008
no caminho de casa ...
... porque somos feitos e defeitos de palavras, é no caminho de casa que me encontro mais vezes com a saudade que perdura ... basta um pouco de silêncio, ou uma luz apagada para que me perca na infinitude de momentos que nos construíram e nos largaram a mão no minuto seguinte em que nos perdemos em nós ... passaram-se anos, enfim...
segunda-feira, outubro 06, 2008
23:06
... sem que me achasse cansado escrevia...
Olhando no escuro, aos poucos, fui descobrindo por outros sentidos, pedaços de um caminho que me ia moldando num gesto dificil, cada esquina que me serenava, me encontrava e me seguia.
Fui caminhando junto da noite, sem que me olhasse, em cada metro que percorria, era um quilómetro de imagens sem uma cor que eu próprio já não conseguia deixar de viver.
Ontem, e porque ontem já passou, não conseguia fazer-me sentir longe de um mundo que me puxava para junto de si, sem que o entendesse, preferi todo aquele silêncio que acabava por me ouvir sempre que me abeirava junto de um pouco de luz.
E tudo foi ficando para trás quando consegui trazer um pouco mais de mim.
A viagem continua sem grandes porquês.
Hoje prefiro que não me perguntem nada, deixo que o resto do mundo me perceba, e no instante seguinte me deixe finalmente só.
Viajo só, e só por isso viajo só.
... sem regressos esperados, nem que não parta, amanhã não vou estar...
quinta-feira, outubro 02, 2008
Incógnito...
Debaixo de uma noite descoberta de um calor de outros dias, de outras noites, consigo perceber que no meio deste burburinho ensurdecedor resta uma ténue constância de um perfume que me descobre a saudade de um virar de esquina, de um toque escondido, de gestos estudados e de um olhar que se transforma num abraço, quando na simplicidade de um momento, os nossos olhos se cruzam, se amam.
Lembro-me que te degladiavas com argumentos só teus, tu saías, e não mais voltavas.
Ontem procurei por ti, para te dizer que não me esqueci de ti.
Olhei em volta e sabia que o mar que me serenou a saudade, é o mesmo que me vai libertar de mim, sem pedir nada em troca, apenas porque sim.
Tenho saudades tuas...
quarta-feira, outubro 01, 2008
porque...
...a história não acaba aqui...
...desses fins de tarde diluídos entre palavras distorcidas pelo som de um querer ser, e um vulgar querer estar, perdem-se os momentos de uma terna loucura que os leva a percorrer as mesmas ruas distraídas, sem dilemas nem alfabetos tristes que os faça esmorecer, enquanto vivem longe das conversas que os tornaram amantes de apenas duas almas... sempre, sem ninguém saber.
Esta história não morre nas memórias de um passado, vive encarcerado na saudade de um tempo que não os olha, que os despreza, na verdade, nesta história, há sempre alguém que parte ...
Até quando?
segunda-feira, setembro 29, 2008
hoje ...
... encontrei-te de mãos vazias quando me pediste para te roubar o medo dessas noites frias de um Outono que tarda.
Parti sem que te olhasse nos olhos. Apenas deixei no abraço, o perfume de uma noite de Verão que hoje se arrasta e de um calor que não cala esta saudade de um tempo que não deixou que existisses longe de mim ...
quinta-feira, setembro 25, 2008
parar ...
... não me apetece parar. Se parar tenho que pensar, e eu não quero pensar. Se ao pensar me puder magoar, prefiro nem sequer ficar e se me pedirem um dia para ficar, eu vou continuar a fugir sem mais parar.
Hoje não me apetece parar. Se parar tenho que pensar, e eu hoje não quero pensar.
Não vou ficar, para não fugir, para não mais parar...
Hoje não.
Amanhã não.
terça-feira, setembro 23, 2008
anos ...
... da porta entreaberta soprava um pouco da calma que me me apaziguava uma lembrança feliz. Tantas vezes espreitei para o fundo desse corredor escuro, pensando que eram teus os passos que faziam estilhaçar aquele chão de madeira roubada pelo tempo, que parecia ganhar vida cada vez que os meus olhos se perdiam no silêncio dessa porta que mal fechava e me escondia de uma minha saudade de onde sobravam as palavras que no final se trocaram por um vulgar ponto final ...
quarta-feira, setembro 17, 2008
esta noite não estou cá...
... nesta noite de Verão, fria, estivémos à procura de uma flor de lotus num jardim mais pequeno que a palma da tua mão. Não chovia, mas soprava um vento insípido que nos fazia caminhar fugindo, sem que nos olhássemos, só por isso não te abracei, perdido que estava na pele que me fazia ter medo da tua verdade.
... de uma noite que adormeceu com a revolta de um beijo que se esqueceu, deixámos que o tempo preferisse dar lugar ao verbo existir...
Até quando?
terça-feira, setembro 16, 2008
Lisboa ...
.... por ora, encontro-me debruçado nesta janela de madeira tosca, sob esta rua de traços desenhados pelas luzes pardas de um silêncio surdo, onde apenas ouço ecoar ao longe, vozes distorcidas nas pedras de uma calçada consumida pelo tempo, e que desmaiados por entre risos de um espalhafato pueril de uma noite que começou tardia, recordo aquela minha saudade de um dia que durou para sempre ...
segunda-feira, setembro 15, 2008
Bilhete de comboio..
... porque não me escondo à espreita, não sei do que falas quando falas de mim, nunca me disseste. Se o fizeste alguma vez, perdoa-me, não me recordo.
(...)
Gosto de te ouvir dizer o nome que te apaixonou e ficar a olhar o mar contigo enquanto me contas as aventuras que exacerbas na tua doce loucura mas que ganham vida quando contadas por ti.
Sempre assim foi.
Perdes-te em amores impossíveis e vives sem escutar mais ninguém senão tu mesma.
Hoje não foi diferente e recordei-te quando tropecei nos anos que passaram por nós.
quarta-feira, setembro 03, 2008
um seu lugar...
... escondia-se naquela varanda que o obrigava a esplanar toda a sua saudade que o olhava no crepúsculo ansioso de um dia que acabava por morrer a seus olhos.
Toda a sua sede se estendia pelo fio de água ténue que caía do mesmo telhado onde brincara enquanto criança e que sobrava de um dia de outono que terminara com sol.
Tantas vezes interrompido por uma voz que o acordava, distraía aquela sede insaciável de amar, nos seus gestos vestidos de um verão quente, que resolviam preencher todo aquele silêncio com cores de uma sedução invulgar.
Pensava tantas vezes na sua nudez, preso que estava num horizonte que o obrigava a sorrir.
Despiu-a outras tantas e acabou sempre por adormecer no peito que amava ao sabor de uma música pautada pelo doce toque de um beijo roubado num silêncio seu.
domingo, agosto 31, 2008
sabes...
...a forma como te perdeste no malabarismo de um sorriso é normal...
Tu adoraste toda essa sua revolta, que não sendo igual, fazia-te sentir diferente.
Apaixonaste-te pelo mesmo gesto que te desarmou a alma e te transformou num pouco de vida.
Até hoje.
sábado, agosto 23, 2008
da dúvida ...
Gostava de acreditar que o hoje não é um fim, mas apenas uma passagem pela dúvida da incerteza de um futuro que julguei ter sempre na palma da minha mão.
Se me encontrei alguma vez longe da minha razão foi porque me procurava de forma incessante no que poderia dizer, ou até defender cegamente, sem que me levasse muito a sério, mas que, dentro da minha própria crença, me iria despir das mesmas dúvidas que me vão cegando os sentidos e me transformariam em algo mais que um deambulante equívoco nas páginas dobradas pelo cunho timbrado de uma vida sem tom.
Dessas minhas dúvidas de sempre, sobram as restantes, que assombram os dias que de mim se apressam a fugir...
Se me encontrei alguma vez longe da minha razão foi porque me procurava de forma incessante no que poderia dizer, ou até defender cegamente, sem que me levasse muito a sério, mas que, dentro da minha própria crença, me iria despir das mesmas dúvidas que me vão cegando os sentidos e me transformariam em algo mais que um deambulante equívoco nas páginas dobradas pelo cunho timbrado de uma vida sem tom.
Dessas minhas dúvidas de sempre, sobram as restantes, que assombram os dias que de mim se apressam a fugir...
quarta-feira, agosto 13, 2008
de mim ... (II)
Dessa saudade recordo, que embora te abandonasse em momentos de uma minha distracção, no minuto seguinte te voltaria a encontrar ao meu lado para te dizer o quanto errei em te ter deixado só.
Hoje recordava, que da saudade resta apenas o desejo de alguns, poucos, episódios que me despertavam para uma vida rasgada por pedaços desta minha vulgar narrativa.
Existo somente por existir.
Faz sentido que assim seja, quando me olho no reflexo do mesmo tempo que amanhã me irá acordar sem mágoa, nesta diáspora de uma pressa que insisto em não entender.
Porque não me escondo e fujo?
domingo, agosto 10, 2008
breve memória ...
Da solidão rescrevo versos de outrora, quando de resto faço questão de estar de costas voltadas ao tempo inoportuno que julguei ter encontrado sumido, na pressa de outras vontades, que não a de entristecer só.
Hoje, talvez porque não tenha acordado tão longe de mim, permito-me olhar estarrecido para tudo mais que me deixaria perplexo, me seduz e conquista, para que no momento seguinte, ganhe um pouco mais de fôlego e desista para sempre de viver.
Há quem viva da eterna desilusão de um meu gesto, eu próprio já não adormeço só, apenas aguardo que o sono me leve para outros mundos, quem sabe, mais justos e fáceis.
Tantas vezes pensei em como seria não voltar a acordar mais...
segunda-feira, julho 21, 2008
de mim ...
Se hoje escrevo, é porque a minha própria razão me permite fazê-lo.
Não desenho para ninguém, nunca o fiz por gostar de o fazer, não dou nome ao que escrevo, e sei que o faço, consciente de que sempre o que tentei fazer, não gostava do que lia depois.
Podem passar anos, e tenho a certeza que existirá sempre alguém que se vai olhar nas letras que um dia resolvi juntar, e sem mágoa nem julgamento, decide fazê-lo de forma egoísta.
Sou apenas eu.
Sempre fui.
Nunca quis ser mais do que eu mesmo.
Para mim isso basta, e não sendo para alguns o suficiente, é apenas aquilo que hoje assumo como verdade, e que sempre tive para dar.
Fecho os meus olhos e resolvo adormecer, já longe.
sábado, julho 19, 2008
da tua rua ...
... nesse caminho desajeitado de verbos e sujeitos improváveis, pedia que me deixasses olhar-te mais um pouco, dizer-te que do fundo da tua rua fiquei à espera me acenasses com um beijo, e não com um teu tímido adeus ...
quinta-feira, julho 17, 2008
dos olhos claros...
... é a arte que conheço: a de vaguear pelas ruas de um teatro pobre, em noites caladas pelo medo de um escuro silêncio que me vai abraçando em cada passo que esmorece nas calçadas já gastas pela dor do seu tempo ...
... no final, resta a saudade de todo esse encanto.
terça-feira, julho 15, 2008
lapidar ...
... deslumbrados por um mundo que nos seduz, continuamos a ser sempre, a nossa melhor desculpa ...
improvável...
Porque já não é suposto escrever.
Sento-me definitivamente e vejo a vida a passar diante dos meus olhos sem que nada me faça levantar e perder-me novamente de razões perante a indiferença.
Apenas viver, já sem vontade de resistir a um improvável adeus.
Parti, sem que tenha escutado todo o meu silêncio.
Sento-me definitivamente e vejo a vida a passar diante dos meus olhos sem que nada me faça levantar e perder-me novamente de razões perante a indiferença.
Apenas viver, já sem vontade de resistir a um improvável adeus.
Parti, sem que tenha escutado todo o meu silêncio.
quarta-feira, julho 09, 2008
magia ...
Talvez fosse tudo menos saudade.
Um horizonte vestido de negro que me seduzia enquanto imaginava perder-me nos seus braços.
Apenas me olhava, sem me tocar.
Medo seu, talvez...
Por certo um meu medo.
Uma história que fui desenhando sem palavras.
Ficava horas a ouvir-me em silêncio.
Um horizonte vestido de negro que me seduzia enquanto imaginava perder-me nos seus braços.
Apenas me olhava, sem me tocar.
Medo seu, talvez...
Por certo um meu medo.
Uma história que fui desenhando sem palavras.
Ficava horas a ouvir-me em silêncio.
terça-feira, julho 08, 2008
paixão do tempo...
Diria que foi o tempo que me apaixonou.
Foi a diferença entre o meu tempo e todo o seu tempo. Talvez apenas por instantes, mas sempre de uma forma fugaz sem qualquer vulgar premeditação.
Diante das suas palavras nómadas, as mesmas que fomos trocando, num insensato descontrolo de razões que nos ia julgando.
Não a vivi, por não a poder viver mais.
Vou adormecendo serenamente de uma vida que decide libertar-me aos poucos.
Ficou a certeza de uma alma desigual.
quarta-feira, julho 02, 2008
da minha cidade ...
Trazia esta história guardada há anos...
Nas ruas da minha cidade consegui sentir o travo amargo de um abandono precoce. Senso vulgar de uma juventude canalha, e o aconchego de algumas noites que me ensinaram a relativizar o tempo.
Caminhei tantas vezes perdido, por calçadas que conhecia tão bem, procurava encontrar-me em cada passo, mesmo quando aquele calor de sufoco me obrigava a deambular junto à sombra de lúcidos casarios.
As noites de Verão eram bebidas de um silêncio sepulcral, onde apenas se olhava a noite.
Recordo tantas vezes um silêncio apenas corrompido pelo sossego das horas que demoravam todo o seu tempo a passar.
Na minha cidade aprende-se a sedução de uma saudade que nasce connosco, que se aprende, e se ama para sempre.
Não bastava passar por ti, tinha que te viver, tinha que te sentir, tive que partir, e sempre me obriguei a voltar por me teres ensinado a amar.
Nas ruas da minha cidade consegui sentir o travo amargo de um abandono precoce. Senso vulgar de uma juventude canalha, e o aconchego de algumas noites que me ensinaram a relativizar o tempo.
Caminhei tantas vezes perdido, por calçadas que conhecia tão bem, procurava encontrar-me em cada passo, mesmo quando aquele calor de sufoco me obrigava a deambular junto à sombra de lúcidos casarios.
As noites de Verão eram bebidas de um silêncio sepulcral, onde apenas se olhava a noite.
Recordo tantas vezes um silêncio apenas corrompido pelo sossego das horas que demoravam todo o seu tempo a passar.
Na minha cidade aprende-se a sedução de uma saudade que nasce connosco, que se aprende, e se ama para sempre.
Não bastava passar por ti, tinha que te viver, tinha que te sentir, tive que partir, e sempre me obriguei a voltar por me teres ensinado a amar.
segunda-feira, junho 30, 2008
breve...
... escrevo o momento em que julguei ver-te dançar... por breves segundos deslizaste no meu tempo, apenas não olhei.
O preto fica-te bem justo ao corpo, enaltece-te a alma e as palavras que despes em sussurro quando a música nos abraça no silêncio da rua ...
quinta-feira, junho 26, 2008
do meu silêncio ...
... o silêncio serenou o fulgor de duas meias palavras que nunca deixei que se tornassem suficientemente audíveis ...
... retiro-me em silêncio ...
quarta-feira, junho 25, 2008
vida de taberna ...
Faz todo o sentido tentar perceber essas palavras...
Palavras fumadas de cotovelos postos numa mesa redonda de impensáveis razões que de forma empolgada se estilhaçam entre vozes graves, distorcidas pelo som de uma música intragável e de uma aguardente caseira ruim.
Enfim...
Fechada a porta, a taberna enche-se com o ego de histórias de feitos e defeitos, de peito malandro inchado, acalorados pela invencibilidade das suas conquistas, ao mesmo tempo que os seus punhos desbravam caminho entre copos vazios e lamurias constantes.
O álcool dá lugar à tristeza e a noite termina com a embriaguez de quem se arrasta pelas ruas calcetadas em direcção a uma casa que aprendeu a odiá-los.
Palavras fumadas de cotovelos postos numa mesa redonda de impensáveis razões que de forma empolgada se estilhaçam entre vozes graves, distorcidas pelo som de uma música intragável e de uma aguardente caseira ruim.
Enfim...
Fechada a porta, a taberna enche-se com o ego de histórias de feitos e defeitos, de peito malandro inchado, acalorados pela invencibilidade das suas conquistas, ao mesmo tempo que os seus punhos desbravam caminho entre copos vazios e lamurias constantes.
O álcool dá lugar à tristeza e a noite termina com a embriaguez de quem se arrasta pelas ruas calcetadas em direcção a uma casa que aprendeu a odiá-los.
terça-feira, junho 24, 2008
o cansaço ...
... hoje o dia acaba mais cedo, talvez a forma mais desconfiada de olhar para o lado e querer apenas adormecer.
Derrubado pelos dias de um ar sufocante que aos poucos se vão abeirando sobre mim ou pelo trabalho dos outros que cresce em forma de problemas irresolutos.
De uma forma lacónica, este meu cansaço que hoje me vai consumindo a vida lentamente ...
segunda-feira, junho 23, 2008
Sonho de uma noite de S.João...
Interessa hoje recordar que diante de uma paisagem recortada por séculos de um dionisíaco prazer, se transforma uma conversa insuspeita numa noite improvável.
Uma tal noite inteira.
Um novo nascer do sol e o cansado regresso a casa.
O sono que apenas tardou e que não chegou.
Os dias seguintes: frenéticos ...
A magia dessa noite que guardo hoje em segredo.
sexta-feira, junho 20, 2008
saber...
... faz todo o sentido pensar nas ondas que me abraçam na manhã seguinte a uma noite mal sonhada. Uma esperança de encontrar nesse mar descontraído, uma doce memória de um punhado de dias maus que fui semeando aos poucos na minha vida.
Interessa, hoje, não lembrar ...
Interessa, hoje, não lembrar ...
quinta-feira, junho 19, 2008
ouve ...
... depois de te ouvir, hoje, resta-me dizer-te, que este é um mundo que não nos descobre nem nos condena, que nos habituou à omissão, ao invés de uma razão que nos julgue de verdade.
Gostava de te poder contar outra história, dizer-te que afinal tu foste o mundo de alguém e serás a maior das virtudes no meio de tantos erros cometidos por outros.
Na verdade, tantas vezes, nada mais somos do que o resultado de uma sinalética irresponsável dos cinco sentidos que nos acossam os dias dolorosamente vespertinos.
A tua inocência, a tua verdadeira essência, que não desfaleça hoje nos teus olhos embargados pela incerteza de um adeus.
quarta-feira, junho 18, 2008
a minha amizade ...
Quando passares por mim novamente, vou estar mais velho.
Não vais reparar que deixei as cartas e os poemas e passei a escrever em prosa.
Que voltei a escrever à mão e que aprendi a felicidade no meio de um passado que me ensinou a guardar o choro de velhas recordações e memórias sentidas.
Que regressei de um tempo que hoje me abraça no segredo de uma saudade que levei comigo para a vida.
Não vais reparar que deixei as cartas e os poemas e passei a escrever em prosa.
Que voltei a escrever à mão e que aprendi a felicidade no meio de um passado que me ensinou a guardar o choro de velhas recordações e memórias sentidas.
Que regressei de um tempo que hoje me abraça no segredo de uma saudade que levei comigo para a vida.
terça-feira, junho 17, 2008
do plágio e do sentir ...
... as palavras insistem em repetir-se de uma forma sensata pelas mesmas pessoas que sempre julgaram opôr-se a algo que as fizesse confundir com um qualquer seu semelhante.
Condena-se o plágio do que se sente.
Uma transfiguração de um mesmo sentimento que se repete vezes sem conta, quando o que se descreve faz todo o sentido repetir-se, sempre por pessoas diferentes, e não de um modo vulgar.
É talvez a única forma de o entender: nunca o viver como um erro, e aceitá-lo como um frugal desvio de um caminho de uma vertigem omissa.
segunda-feira, junho 16, 2008
sentido...
A fragilidade de um corpo nu que se distrai na penumbra de um ar seco e exausto, de uma noite ofegante que se perde na memória de um horizonte que viu desaparecer o sol em si.
A paisagem convidava a um silêncio sem sobressalto enquanto transpirava o prazer de um momento que durou para sempre.
domingo, junho 15, 2008
ópio da razão...
A amizade de um abraço não se desculpa, recorda-se no epílogo de uma saudade presente, na esperança de que um dia esse gesto, não se repetindo, faça ainda mais sentido com alguém.
Um momento descrito como a audaz epopeia da criação de um merecido mundo novo.
... corro, agora, diante de uma minha felicidade ...
Um momento descrito como a audaz epopeia da criação de um merecido mundo novo.
... corro, agora, diante de uma minha felicidade ...
sábado, junho 14, 2008
uma história com vida...
... elogio de uma alma doce, de uma sombra fria debruçada sobre o seu mundo.
Parecia um palácio modesto, perdida num bairro imenso em que se cruzam emoções em forma de música desgarrada com o cheiro de um fogo que vai acalentando a prosa que se alonga.
É uma vida com história.
Consegue perder-se em dois ou três momentos quando se fala de uma felicidade que a cansou, que a arrastou para uma praia deserta e para um amor intenso que nunca mais a largou.
Até hoje.
Por esta hora, entre copos vazios e uma noite já alta, libertam-se as lágrimas de um passado tão terno, que a amarram a uma solidão que ainda hoje perdura.
Diz que todos os dias de manhã quando ao longe avista o mar, o mesmo que tudo lhe levou, se perde na melodia das cartas de uma saudade que ainda hoje a faz chorar num pranto, quando passeia na memória de um seu amor de natureza perfeita...
Recompôs-se.
Fecha as portadas de madeira tosca e apaga a única luz que a conheceu essa noite...
Fez-se silêncio.
Parecia um palácio modesto, perdida num bairro imenso em que se cruzam emoções em forma de música desgarrada com o cheiro de um fogo que vai acalentando a prosa que se alonga.
É uma vida com história.
Consegue perder-se em dois ou três momentos quando se fala de uma felicidade que a cansou, que a arrastou para uma praia deserta e para um amor intenso que nunca mais a largou.
Até hoje.
Por esta hora, entre copos vazios e uma noite já alta, libertam-se as lágrimas de um passado tão terno, que a amarram a uma solidão que ainda hoje perdura.
Diz que todos os dias de manhã quando ao longe avista o mar, o mesmo que tudo lhe levou, se perde na melodia das cartas de uma saudade que ainda hoje a faz chorar num pranto, quando passeia na memória de um seu amor de natureza perfeita...
Recompôs-se.
Fecha as portadas de madeira tosca e apaga a única luz que a conheceu essa noite...
Fez-se silêncio.
sexta-feira, junho 13, 2008
Dias...
Acordar de manhã com a sensação de um sol iminente que me faz transbordar num ápice, deste leito sereno em que me deitei pensante.
Da minha cama expulsei a noite com o mesmo fulgor de outros tempos.
De olhos semi-cerrados fui capaz de contar as horas que passaram enquanto viajei sonhando.
Os dias parecem saber a uma primavera que desfalece lentamente nos braços de um verão que tarda em abraçar a pauta de uma dança tão pouco vulgar ...
Da minha cama expulsei a noite com o mesmo fulgor de outros tempos.
De olhos semi-cerrados fui capaz de contar as horas que passaram enquanto viajei sonhando.
Os dias parecem saber a uma primavera que desfalece lentamente nos braços de um verão que tarda em abraçar a pauta de uma dança tão pouco vulgar ...
quarta-feira, junho 11, 2008
ir ...
... quantas vezes pensamos que viajar é um verbo que apenas se conjuga no plural e acabamos um dia qualquer a perceber precisamente o contrário. Entender que não interessa a distância que se percorre, quando tudo o resto se mantém igual num nosso esperado regresso.
É talvez difícil entender-me agora que o tempo parece ter mudado definitivamente e os dias cresceram numa luminosidade exacerbada pela decisão de ir.
Se na verdade tudo me parece diferente hoje, neste meu regresso a casa, julgo saber que a sobriedade de uma razão minha se recorda em apenas um só gesto: o mesmo que me faz simplesmente ir ...
terça-feira, junho 10, 2008
da aparência...
... quantos são os adjectivos que compõem o Homem? tantas vezes temos tendência em reconhecer que diante de nós apenas existe um sujeito bípede, bímano, ás vezes racional e outras vezes sociável, não que uma coisa invalide obrigatoriamente outra, mas cada vez mais parece ser assim. Os nossos livros defendem a inteligência do Homem e a sua complexa forma de comunicação como principais factos que o fazem distinguir-se de outros seres organizados.
Na verdade, hoje, parece que basta um olhar para nos adjectivar, abreviando o facto de não sermos um ser tão complexo assim, o mesmo que se envolve em emoções e se embaraça perante um gesto que comove ...
Enfim ...
Na verdade, hoje, parece que basta um olhar para nos adjectivar, abreviando o facto de não sermos um ser tão complexo assim, o mesmo que se envolve em emoções e se embaraça perante um gesto que comove ...
Enfim ...
quinta-feira, junho 05, 2008
Reconceptualização do verbo ter ...
... navegando por alguns significados do verbo ter consigo eleger uns quantos que me parecem fazer todo o sentido: possuir; poder dispor de; haver; prender; gozar; fruir; conquistar; sentir; experimentar; valer; dar provas de; manter, conservar (em certo estado ou disposição); poder contar com;(...).
... futilidade de um verbo que morre no seio da sua própria essência ...
fala-se de uma história de amor...
... diz-se que, perdidos em si, as suas mãos se degladiavam ao mesmo tempo que se libertavam numa metamorfose sentida em cada toque, em cada gesto enternecido pelo espreitar insuspeito de uma música que gritava lentamente por dois corpos que se ouviam e descansavam em respirares sustenidos de uma saudade imensa de um desejo insane.
O olhar permanecia brando, contrastava com o silêncio de uma força dominada pelo sabor de um tom qualquer, numa tela preenchida por momentos de um fado cantado a dois, de uma razão descontente pela nudez de uma saudade que se tolera e que por instantes finge não existir...
Hoje fala-se que estão acordados pela certeza de que a magia permanece a mesma ...
terça-feira, junho 03, 2008
«Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a razão»
... revivo hoje as palavras de Pessoa, numa tal reflexão moderada pelo fumo ténue de uma noite bafejada por esta saudade.
Esta constante de ser, que me acompanha nestes minutos de um silêncio que não me perturba que me despe de preconceitos, e se descreve lentamente nesses minutos que não passam por passar mas que se arrastam por uma vida inteira, que desfalecem no final de um dia de um cansaço feliz, mas que atordoa ...
Nunca me perdi nas minhas próprias razões, duvido umas quantas vezes de mim e faço das minhas palavras uma minha razão, única, mesmo tantas vezes não a conhecendo, e outras tantas desprezando o seu plagente sabor ...
segunda-feira, junho 02, 2008
escrevendo...
.... Escolhi estas palavras e desarrrumei uma prateleira repleta de livros perfumada pelo pó de um tempo insensato que se confunde com uma vontade de me desculpar de nada, escrevendo...
Por vezes ou sempre ... talvez cada vez mais, sei cada vez menos acerca de mim... Concluo.
Há dias convenciam-me do contrário e entre uma dúzia de frases insuspeitas estou certo que deixei de estar atento no momento em que advinhei palavras começadas por outras que não cheguei a ouvir sequer.
Quando não nos sentimos bem até os elogios enjoam, maltratam, magoam...
O único defeito é conhecermo-nos demasiado bem para esquecer tudo o que consciente ou involuntariamente fazemos de mal e esse sim, é um exercício sem direito a qualquer tipo de elogio ...
terça-feira, maio 27, 2008
preconceito do erro...
Pensemos na pessoa mais errada que conhecemos... e a pessoa mais errada que conhecemos não só não acredita nos seus erros, como somos nós os primeiros a achar que errar não é tão humano assim, e que para além de ser alguém deveras inconveniente nos convence que só nós nunca justificámos acreditar num erro insensato, ainda mais quando essa pessoa parece estar a errar sempre, pelo menos de uma forma tão pública e tão pouco consensual, mas tão errada, e nós tão pouco tolerantes, mas sempre tão certos.
É talvez o excesso de um altruísmo que poderá durar segundos ou até uma vida inteira, mas que existe, que surge delapidado pelos nossos viveres e destinos, e nos faz ser alguém que não sendo nós próprios, acaba por ser um pouco mais que nada, algo que sempre criticámos ver e ouvir nos outros, mas que por momentos somos nós a vestir a roupa usada de um tal ser errado que tanto evitámos conhecer e que continua tão pouco tolerante talvez ao contrário de quem inconvenientemente erra.
É talvez o excesso de um altruísmo que poderá durar segundos ou até uma vida inteira, mas que existe, que surge delapidado pelos nossos viveres e destinos, e nos faz ser alguém que não sendo nós próprios, acaba por ser um pouco mais que nada, algo que sempre criticámos ver e ouvir nos outros, mas que por momentos somos nós a vestir a roupa usada de um tal ser errado que tanto evitámos conhecer e que continua tão pouco tolerante talvez ao contrário de quem inconvenientemente erra.
sexta-feira, maio 23, 2008
Chuva ...
... perante a perversidade de uma falsa incógnita questionamos o mundo que hoje vive longe, para que seja esse o outro passado que sobrevive em surdina a uma qualquer hecatombe de uma outra história, de um outro pensado regresso, de um mundo devasso que apenas nos responde em reticências ao que desde cedo julgámos ser uma simples resposta começada por nós...
Nascemos e vivemos das mesmas palavras que facilmente nos preenchem os mesmos actos pensados pela futilidade de momentos pundonores, mas que na verdade nunca abalaram a verticalidade de nós Homens perante a vitimização de algo que já se queria maduro, mas não demasiado doce, pois soaria a falso...
Os mesmos sentimentos mas outras histórias de carácter efémero, já tão sem sal mas que insistem em repetir-se sempre que a chuva nos ocupa os dias ...
Nascemos e vivemos das mesmas palavras que facilmente nos preenchem os mesmos actos pensados pela futilidade de momentos pundonores, mas que na verdade nunca abalaram a verticalidade de nós Homens perante a vitimização de algo que já se queria maduro, mas não demasiado doce, pois soaria a falso...
Os mesmos sentimentos mas outras histórias de carácter efémero, já tão sem sal mas que insistem em repetir-se sempre que a chuva nos ocupa os dias ...
segunda-feira, maio 19, 2008
da memória ...
... naqueles dias em que nos encontramos durante horas fixados numa imagem já exausta de um dia que não passa, de uma brisa que não corre, um telefonema que não chega, ou alguém que não fala, nesse deserto de ideias, quando nos entretemos a jogar com o tempo, meia dúzia de palavras que esperamos ver escritas na mesma caixa de correio em que nos fechámos desde que decidimos que tinhamos finalmente crescido: a memória ...
sexta-feira, maio 16, 2008
Iliteracia social...
Hoje apetece-me ser mordaz e de forma leviana homenagear meia dúzia de pessoas que se distinguiram por coisa alguma, que vivem hoje da fraqueza de uma dúzia de inscientes inermes e que saciam a sua sede de uma ignorância latente, tal qual a natureza de uma figura altiva e de resposta retardada aportados que estão na sua total ausência de perspicácia.
Vivem no seio de um pejo infundado que se encontra, hoje, longe de uma vida real, e cada vez mais perto de uma negligente prova de vida, em formato de uma história sem tom, a mesma que os adormeceu a quando de insónias provocadas pela aparência de ser.
É o mais completo retrato de uma iliteracia social, de vidas deformadas pelo abandono do tempo, e pela negligente solução de uma educação adiada por falsas virtudes para além de um semblante inquestionável, que na epítome desta nossa vida se confunde com a fútil existência dos outros...
Enfim, mundos...
quinta-feira, maio 15, 2008
mão cheia de nada ...
... por breves instantes, quando estáticos perante a vida, fazemos contas de subtrair ao nosso tempo, e deixamo-nos invadir por um sentimento de nostalgia insciente, por todos aqueles meios erros que apenas hoje conseguimos considerar como tais.
Por ora, a tranquilidade de uma inconsciência que no passado nos aflorava amiúde e hoje nos obriga a mesma maturidade tantas vezes invejada por quem apenas vislumbra uma mão cheia de nada.
Reflexo de um passado sem a riqueza de uma saudade.
Hoje, porém, o oposto: um meu privilégio ...
quinta-feira, abril 17, 2008
Existências ...
A nossa existência resume-se ao fado: somos escravos de uma linha tracejada na guitarra de uma noite passada a ouvir cantar o medo e acabamos reféns de um poema sentido por lágrimas que apenas findam no abraço de uma manhã que se despiu em versos.
segunda-feira, abril 14, 2008
um amanhecer tranquilo ...
Estou há imenso tempo à frente de um vazio de cor e procuro uma resposta que me preencha as insípidas linhas de um ténue desejo que é escrever o que sinto e não me perder no timbre de um tempo que falseou as regras do jogo que eu mesmo comecei a ganhar.
Fui perdendo quando escrevi demais.
Li-me ontem e reconheci-me em todas as frases que hoje repudio.
Nada mais existe que o vazio do nada.
Apenas o desejo de um amanhecer tranquilo.
Fui perdendo quando escrevi demais.
Li-me ontem e reconheci-me em todas as frases que hoje repudio.
Nada mais existe que o vazio do nada.
Apenas o desejo de um amanhecer tranquilo.
domingo, abril 13, 2008
Manifesto ...
O mais certo é pensar que toda a gente nos ouve quando argumentamos e nos mantemos fiéis ao nosso sujeito, que nos compreendem e confortam quando tudo o resto parece não ser tão mau assim.
Quando finalmente nos conseguimos perder entre a razão de ser como somos, e a de ver os outros como eles não são, é o bastante para nos irmos invadindo de questões e argumentos que nos fazem pensar que afinal já não se pode viver com prazer, o delicado caminho que fomos delineando como sendo a mais perfeita das histórias, as tais que interessam persistir, e que findam numa qualquer folha de papel, ou em páginas de um livro amarrotado pelo nosso tempo.
Se o que interessa é viver e se tudo mais decorre de um mundo cada vez mais subversivo que vai sobrevivendo à azafama de dias intensos e de paixões impossíveis, o que é que então nos faz existir, quando dessas mesmas histórias resta a saudade e um nosso não mais?
Quando finalmente nos conseguimos perder entre a razão de ser como somos, e a de ver os outros como eles não são, é o bastante para nos irmos invadindo de questões e argumentos que nos fazem pensar que afinal já não se pode viver com prazer, o delicado caminho que fomos delineando como sendo a mais perfeita das histórias, as tais que interessam persistir, e que findam numa qualquer folha de papel, ou em páginas de um livro amarrotado pelo nosso tempo.
Se o que interessa é viver e se tudo mais decorre de um mundo cada vez mais subversivo que vai sobrevivendo à azafama de dias intensos e de paixões impossíveis, o que é que então nos faz existir, quando dessas mesmas histórias resta a saudade e um nosso não mais?
segunda-feira, abril 07, 2008
despindo hoje o meu mundo ...
... melhor do que estar inerte a olhar o mar que me cerca com esta minha maioridade irascível, é enfrentar com altivez as ondas de um desassossego que consegue vencer este meu cansaço e me faz sentir que o amanhã é um quase autismo latente.
O hoje faz-me adorar as pequenas coisas de sempre, as mais pequenas, as mesmas que me fizeram sorrir e viver hoje sorrindo, e é tão bom reaprender a viver assim ...
sábado, abril 05, 2008
este meu mar...
Reservo-me no direito de não estar.
Não estou hoje, nem amanhã, nem depois.
Apenas não estou, porque decidi não estar.
Apaguei a luz do meu quarto e resolvi deitar-me no escuro sem palavras, nem murmúrios. Fechei os olhos e parti.
Não estou hoje, nem amanhã, nem depois.
sexta-feira, abril 04, 2008
enfim
... todas as vezes que caí, foram as mesmas vezes em que tu me viste cair e me estendeste a mão e o neguei sempre. Sei que vou continuar a cair, que não te vou ter a meu lado, nem a estender-me a mão, muito menos vais saber que caí ...
Enfim ...
terça-feira, abril 01, 2008
o meu eufemismo ...
... o ontem apareceu demasiado tarde, e não creio que hoje, o amanhã vá aparecer tão cedo assim que me permita pensar já no dia que ainda hoje não passou ...
terça-feira, março 25, 2008
Apre(e)nder a felicidade ...
Comecei a ser verdadeiramente feliz quando comecei a saber perder, quando comecei a saborear o que perdia em detrimento do que os outros pudessem ou não vir a ganhar. Tentei sempre minimizar qualquer estrago que uma minha vitória, ou até mesmo uma ou outra esperada derrota pudesse causar num meu minuto seguinte.
Comecei a compreender os outros perante a adversidade, as suas reacções e mágoas, as suas dores e toda a sua força para superar o que para nós, parece sempre ser mais fácil ultrapassar do que realmente é, para quem vive de verdade, a sua dor.
Aprendi que o amanhã não vai existir para sempre, mas que isso não é um motivo, muito menos uma razão, para me fazer olhar para o mundo com um olhar de uma fugacidade ou loucura latente, que me faça pensar em agir, como se esse amanhã não viesse mesmo a existir.
Comecei a aprender a saborear os pormenores da minha vida e olhar para eles como se fossem únicos, mas que nunca deixassem de ser os meus pormenores. Aprendi a ouvir, mais que a falar, para que todas as minhas palavras apesar de raras, tivessem a força de um sentimento que amanhã ainda pudesse prevalecer.
Aprendi que o amor não se ganha, se conquista e se compreende.
Que a felicidade não passa só por se viver junto, mas principalmente por dar a mão quando se chora e um abraço quando se perde, e que isso é gostar de verdade.
Aprendi que amar é a minha mão fria que apenas aquece no teu corpo.
quinta-feira, março 20, 2008
escrever de novo ... (1)
... Saudosismo atroz que tornou refém do meu passado meia dúzia de gente que encarou hoje a sua vida como um desígnio de alguém que ainda hoje perdura, e que cuja importância do parecer bem, ou que perante outros, uns seus semelhantes, possa parecer mal, faz esquecer o mais importante que é saber viver ou aprender a saber fazê-lo sem preconceito de um sentimento.
Restam uma dúzia de conceitos mascarados de uma insensatez deturpada por uma história, essa sim, romanticida ou até mesmo desprezada pela sua própria essência que em si encerra um maior erro de ser amante: esconder-se na ampla fraqueza dos outros ...
escrever de novo ...(2)
... hoje recordo-me do que disseste: demos a volta ao texto e reescrevemos o absurdo... um exercício impossível para quem apenas se olhou uma vez e se cruzou outras tantas com o seu destino. Apagaste a luz do teu quarto e adormeceste na esperança que amanhã tudo fosse diferente, mas as pessoas acordaram iguais a si próprias e tudo estava na mesma ...
... hoje recordo-me do que disseste ...
Sabes...
... bom é acordar todos os dias e pensar que te vou ouvir no primeiro momento da manhã ... mas melhor é deitar-me com a tua voz e antes de adormecer ouvir-te dizer até já ...
terça-feira, março 18, 2008
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(6)
Decide partir hoje.
Mas antes partilha um café, seduzindo uma vez mais o mundo que ela quis que desaparecesse dos seus dias.
Gosta de se sentir gostada, não gosta da palavra impossível, no entanto nada faz para conquistar o díficil, apenas o errado e outras vezes o fácil.
Despediu-se sem história num dia de calor sufocante.
Só queria que não a procurassem mais.
Busca em outras vidas o significado do seu sentir, escreve uma carta e parte para sempre:
'É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.'
Alberto Caeiro
2007/07/19
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(5)
Acorda em sobressalto e não consegue mais adormecer.
Olha para o lado, e tudo o resto que parecia adormecido a desperta para um cigarro.
No pensamento, os dias que se aproximam.
Vai poder sair dali, fugir de um mundo que já a conhecia, que a julgava.
Um mundo que não compreendeu a necessidade de ter que se mostrar mulher, desejada.
Após a rotina de um dia, já a noite vai alta, e decide partilhar a sua angústia com uma amiga qualquer, de preferência uma que não a pudesse julgar e encarasse a sua história no album dos momentos banais na vida de uma mulher qualquer, ou no percurso de alguém que precisa esquecer outro alguém. Escolheu o primeiro. A segunda hipótese pareceu-lhe uma porta que não queria ver aberta.
Após a rotina de um dia, já a noite vai alta, e decide partilhar a sua angústia com uma amiga qualquer, de preferência uma que não a pudesse julgar e encarasse a sua história no album dos momentos banais na vida de uma mulher qualquer, ou no percurso de alguém que precisa esquecer outro alguém. Escolheu o primeiro. A segunda hipótese pareceu-lhe uma porta que não queria ver aberta.
Procurou as mortalhas e perdeu-se nas músicas de sempre.
2007/07/19
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(4)
De volta á sua rotina.
O medo subsiste nos corredores que passeia com o mesmo ar de miúda, sente-se vulgar dias passados que estão, de um encontro tão errado, de um prazer emancipado, e de uma imaturidade alheia a uma personalidade fraca.
Sabe que sim, não se cansa de o repetir para si mesmo, mostra-se forte, fecha-se em si.
Sente-se sem razão.
2007/07/18
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(3)
Dias passaram de uma noite que não passou disso mesmo, uma noite só.
Nem o seu habitual banho demorado conseguiu tirar da sua pele o cheiro de uma luxúria extasiante que persiste na sua tez, tatuada que está pelo erro de umas horas que hoje só quer esquecer.
...
Jura ter ouvido a palavra amor, entre o calor de um abraço e a brisa fria de uma manhã nublada.
2007/07/16
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(2)
Vestiu um pouco da sua solidão e decidiu sair porta fora naquela noite.
Julgou importante mostrar-se desejada e olhar-se o maior número de vezes a um espelho que lhe corrompia a alma e a fazia sentir vulgar.
Hoje de noite encontrou sozinha o significado de um consumo imediato.
...
Já esperava acordar sozinha.
2007/07/13
Crítica ao diário de uma mulher qualquer(1)
A aparência nota uma calma discreta que ela impôs a si mesma como sendo sua, somente as mesmas palavras que ela repetiu vezes sem conta, a fazem sentir culpada de não as conseguir tornar únicas.
Partilhou de mais - ela sabe que sim; os momentos quando vividos com alguém já não sabem ao doce sabor de uma viagem sem regresso, de uma nova descoberta, de um novo sentido.
Parece que tudo parou na incerteza de um passo que mora no seu consciente e a prendem a uma culpa que ela sabe que fervilha nas frases que em falsete balbucia de uma forma forçada, talvez fingida.
Hoje passeou-se só, por mais uma vida que a fez mascarar-se de alguém que não era.
2007/07/12
segunda-feira, março 17, 2008
ouve-me...
... dá-me a tua mão, prometo que esta não será a última vez que te peço que o faças nem a primeira que tenha desejado fazê-lo ...
... deixa repousar os teus cabelos nos meus braços enquanto te dispo dessa ansiedade que me enfeitiça e te deixa esboçar um doce sorriso ...
... toda esta cumplicidade de um nosso prazer que não finda ...
sexta-feira, março 14, 2008
Vuoto...
Somente escrever um parágrafo de uma qualquer outra história, de outras andanças ou até mesmo de outros mundos. Um momento que preenche os minutos contados dos dias que por nós passam com os mesmos sobressaltos de nomes próprios, de sentidos insensatos, tão pouco proibidos, quanto a tristeza do senso comum possa imperar nas mãos de quem escreve o que se acaba de ler.
Nada.
quinta-feira, março 13, 2008
Porto(4)
... os beijos que nunca chegaram a provar dos nossos lábios o doce sabor de um tempo teimava em não parar, esses beijos que adormeciam no teu rosto, esses beijos que te arrepiavam em cada verso ...
(pelas ruas da cidade, ... : ...)
Porto(3)
... ouvimo-nos uma noite inteira: cruzámos dois mundos e ampliámos o nosso desejo na sede de um beijo que ficou por dar ...
(foz do douro 01.17)
Porto (2)
... E se tudo pode parecer incompreensível, é justo que se pense que há horas de um tempo diminuído, pelo que a incompreensão dos outros se esbarra no seu próprio anseio despido de uma vontade de acreditar no 'nós', que passeia de mãos dadas ...
(casa da música, 22:14)
quarta-feira, março 12, 2008
Porto
... Pertenço a um mundo em que as pessoas se gostam, por sentir que gostam sempre, não de vez em quando, não de uma forma intermitente, mas sempre ...
(semáforos da Avenida dos Aliados, 22:57)
terça-feira, março 11, 2008
Pormenor...
Sentei-me hoje diante de ti, talvez com a mesma sede que me aproximou dos teus olhos quando beijei o canto da tua boca, sem que o teu pudor me impedisse de o fazer ou sequer nos repudiasse de todos aqueles sentidos que um extasiar doce e de contornos solúveis em calmos prantos de vontades perdidas, nos deixasse tão somente sós.
Sem que fossemos descobertos, esse toque, que em si encerra toda a razão de palavras de canto, de prazer, desse momento que nunca foi apenas só um, e que ainda hoje assim se lembra como único, mas que se repete todas as vezes que te vislumbro.
Vivemos essa certeza, que embora nunca certos, toda aquela certeza que nos cercou de razões de um desejo fortuito, nasceria das nossas letras e acabaria por viver hoje, amanhã, aí, no mesmo mar de um sentir só nosso.
segunda-feira, março 10, 2008
Os dias que passaram...
As palavras que um dia te fizeram parar em frente da tua vida, as mesmas que te fizeram julgar, amar mais ou menos tudo aquilo que tu julgavas viver no calor daqueles momentos de um preenchimento vazio, que deturpava tudo aquilo que te arrastava e te esmorecia para uma dor de uma neblosa tempestade que te atormentou sempre no dia a seguir, no teu acordar, e mais tarde no nosso deitar, na nossa história.
Tudo isso findou outrora...
E agora, só nós...
Pousados que estamos numa eternidade de aromas e sabores de excelência.
sexta-feira, março 07, 2008
Momento...
Abre a porta devagar, espreita primeiro, tenta ouvir um qualquer ruído que te faça perceber o que podes não conseguir ver e deixa-te aproximar de mim.
Deita-te ao meu lado e beija-me com a tua saudade.
Deita-te ao meu lado e beija-me com a tua saudade.
Hoje estamos só nós.
Vamos perder-nos nas nossas razões tão docemente imaturas, tão nossas e vamos continuar assim: só nós.
(...)
Um dia vou pintar no teu corpo uma tela com as mesmas palavras que me fizeram acreditar que um sonho podia ser vivido e que o dicionário do nosso alfabeto tinha o teu nome desenhado em todos os seus significados...
Um dia vou pintar no teu corpo uma tela com as mesmas palavras que me fizeram acreditar que um sonho podia ser vivido e que o dicionário do nosso alfabeto tinha o teu nome desenhado em todos os seus significados...
quarta-feira, março 05, 2008
este café...
Olha a tua volta e procura uma razão para que não me perca em ti.
És tu que me olhas nos olhos e me destróis o cansaço, me despertas com as tuas palavras, com os teus desejos e com os teus dias... me abraças e me dás todo o teu frio.
Só quero ficar, apenas ficar, perder-me mais um pouco em ti, mas ficar...
Este café parece não ter o mesmo sabor sem ti. Balança entre um sabor agridoce, e um amargo que me desperta uma sede imensa, que apenas finda na doce certeza de um sorriso que é só teu...
terça-feira, março 04, 2008
Sonhei contigo
Sabes, hoje sonhei contigo...
Acordei e não te vi a meu lado, olhei para onde pensava adormecer a tua voz e tudo parecia vazio. Sei que as últimas palavras foram tuas e as minhas apenas surgiram suspensas em suspiros que me acompanharam num cansaço sentido até que de manhã... pudessse abrir os olhos.
Ficou um pouco do teu perfume na minha pele, o mesmo que me despertou de matina e me fez sentir mais verdadeiro... contigo era diferente.
Contigo sempre foi diferente.
A tua voz fazia-me feliz pela manhã... apenas a tua voz.
Fazias-me rir, fazia-te sorrir, e tudo era nosso, a nossa manhã, a nossa cama, o nosso perfume... era tudo nosso, sem que nunca tenhamos partilhado o mesmo leito...
Acordei sem ti, é uma verdade, mas sabes: Hoje sonhei contigo.
terça-feira, fevereiro 26, 2008
vinte e seis...
Reconheci-te com o alcance de um suspiro, apenas isso me tornou tão vivo, tanto quanto me é exigido pelos dias que resolvem transformar estas noites em suaves regressos a uma eternidade de versos suspensos, de jardins compostos e de palavras sinceras que se quiseram as mais eternas possiveis.
Esta história começou com um: 'era uma vez' e foi escrita pelas certezas de uma utopia que guardaste numa vontade tua.
terça-feira, fevereiro 19, 2008
neste dia...
Palavras desalinhadas que anseiam o desatino de um verbo que tarda a desaparecer desta folha de papel, sumida pelo tempo e cravada a pontos finais, em linhas demoradas e tristes, pautadas por um dia que não some, que insiste em ficar.
Neste dia.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Pôr do sol (sem ti...)
Estive por momentos preso no horizonte de um pôr de sol fantástico e olhei que todo aquele silêncio que me rodeava, apenas era interrompido pela doce lembrança de uns lábios que tivera provado no dia passado e que ainda hoje recordava com a saudade de quem está longe e não posso tocar.
Reparei a forma subtil, como o sol era arrastado num suave sentido, pela minha tela de cores de fogo, por uma lua que me trazia uns tais tons de luz, que me enterneciam na lembrança do que é pertencer a alguém, e provar das suas palavras uma infinitude de um encanto de charme, que me fez perder num feitiço com o teu nome.
Pensei mais uma vez, e apenas mais uma das tantas vezes que me lembrei de o fazer, que seria impossivel que numa atitude de senso comum, nem por isso, tão censurável assim, saber que Ptolomeu acreditava em todo este geocentrismo, que tantas vezes confundimos com o nosso próprio egocentrismo que nos faz encontrar no centro da vida de alguém, assim como esta terra que pisamos, no centro de um outro mundo, esse de um tamanho gigante.
Agora, o nosso mundo, esse, não se mede com os quilómetros que percorremos, muito menos com os que conhecemos, o nosso mundo não é mensurável, em momento algum, é apenas vivido e cultivado pelas palavras e pelo sentimento de uma vontade que é existir para sempre em nós, como apenas nós existimos.
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
existir...
Procuro-te em cada momento.
O teu rosto serena a minha calma enquanto me distraio com advérbios de modo e explicações infindáveis do que me faz sentir tão bem.
A rua mantém-se a mesma, iluminada por cada um dos momentos que nós insistimos em tornar tão nossos. Por entre sussuros e gestos pouco bruscos, vivemos com aquele sorriso suspeito e olhos embargados pela nossa própria vontade. Somos finalmente nós.
És um segredo que me acorda e me adormece.
Se assim não fosse não me perderia num discurso inflamado por uma certeza envolta numa sede de palavras que pouco a pouco me saciam a sede de tudo aquilo que hoje me faz tornar tão livre, tão certo.
São bons os nossos momentos, são nossos...
mundo secreto...
Tenho percorrido os caminhos de um meu mundo secreto de mãos dadas a uma paixão que me constrói aos poucos no fiel deslumbre do deve ser, e do que realmente é. Tudo me percorre os sentidos, entre títeres e multidões sofregas de uma necessidade incompreensível de quem assiste a uma peça de um drama sentido, de tão distante se aperceber, do que de facto se é, e o que de verdade se sente.
O tempo avisava longos dias de uma chuva intensa, de pecados escondidos, mas tão nossos... Advinhava tudo, tinha esssa coragem e enfrentava as ruas estreitas que me destronavam a saudade e assim fui caminhando, sem sequer pensar um dia olhar para trás.
Odeio chuva. Gosto de ti sempre, despida no nosso mundo escondido de quem se gosta muito e não se esquece nunca. Um argumento escrito a duas mãos, e apenas entendido pelas histórias que nos fascinaram sempre.
Nessa peça, na nossa peça, no nosso argumento, a nossa cena é única...
terça-feira, janeiro 29, 2008
Noites passadas...
Adormeci nos teus braços, mesmo sem dar conta que embalávamos toda a nossa memória enquanto sussurávamos todos aqueles desejos insuspeitos, os mesmos que de uma forma tranquila nos despertavam para um sonho tão real, tão nosso...
A nossa viagem começa em cada momento que nos despimos de razões e nos lançamos em mais uma aventura, que queremos sempre que não tenha um fim.
Escrevemos então na nossa saudade o que para nós é sentir como apenas só nós sentimos.
Uma nossa verdade que não passa, e que foi ficando na minha sede de ti.
sexta-feira, janeiro 25, 2008
Tela de água...
Só temos esta vida, mais nenhuma nos vai permitir sermos nós mesmos, senão esta que agora vivemos, a mesma que tantas vezes fizemos por esconder.
Ontem perdi-me nos meus próprios saberes enquanto aguardava junto ao teu mar de algo tão insuspeito como uma onda mais forte que me despertasse... Dei comigo de pés enterrados na areia - calçado é certo, mas com a sensação que este inverno merecia que me descalçasse e me entregasse, nem que fosse por breves instantes, a uma terra que se arrasta ao sabor de um vento que sopra, ou de uma maresia que o acaricia... tal como nós, um autêntico espelho, e é tudo tão humano, tão físico...
Quando decidimos entregar-nos a essa mesma natureza, tão nossa, a uma paisagem que nos envolve como esta, esquecemo-nos de tudo o resto, e o nosso mundo é infinito, basta olhar para o nosso horizonte. Nessa altura pensamos em tudo, no futuro, nas conquistas, nas nossas possiveis derrotas, e esse momento é um quadro, uma fotografia, a nossa tela. Recusamo-nos a olhar para trás, porque sabemos que tantas vezes falhámos, e o nosso horizonte parece ser bem mais brilhante do que a escuridão que nas nossas costas nos desassossega, nos desmente.
É de noite, passam-se horas e o sono não chega, de frente para o mesmo mar que me convidou a uma conversa amena, nasce o sol nas minhas costas, não resisto e olho... Tudo brilhava.
Quando regresso ao teu encontro, já o negro horizonte está a ser invadido por novas cores que nos despertam os sentidos, e decidimos ficar mais um pouco...
Quantas vezes te aconteceu, transformares o momento que te envolve, num reflexo da tua própria vida?
sexta-feira, janeiro 11, 2008
'A menina dos teus olhos...'
'(...) Ontem á tarde falaste-me da menina dos teus olhos, alguém que um dia te deu a mão e te fez viajar nos minutos em que antes pensavas que simplesmente a contemplavas, mas que hoje tens a certeza que a veneras.
Tudo em ti parecia um fogo imenso que ardia na memória dos teus dias, os mesmos que passaste sem a conseguir ver.(...)
Recordas tudo: o perfume, os gestos, os lábios, as conversas, os sorrisos... Parecias uma montra de uma vaidade, de quem vive feliz no seu próprio mundo e dali não quer sair.
Ontem não quiseste sair, e por ali andámos a vaguear.
Não tive coragem de te perguntar se o mundo era mesmo só teu e se o constróis sonhando, ou se o partilhas com mais alguém e o tornaste verdadeiro aos olhos de quem lá vive. (...)
Ontem á tarde ouvi-te falar de quem te faz rir e chorar.
Foi um prazer, mais que ouvir, ver-te assim.'
quarta-feira, janeiro 09, 2008
Per voi...
A amplitude de um abraço mede-se por uma métrica reinventada por quem se julga tão distante de uma vontade tão próxima que é viver na saudade de uma memória que insiste em não nos largar, de um tempo que passa ligeiro e por uma certeza que nos constrói aos poucos.
Da verdade, do que fica, moram as crenças de uma esperança que embora latente, persiste num desejo que não finda, e apenas sacia no brilho de um olhar que me vislumbra a medo, um ideal de pouco mais, do que ser de verdade, de existir, como eu apenas existo.
A tua beleza distraiu qualquer sentido mais apurado, no séquito de uma defesa, que se construiu com o tempo e se desfez na sombra de um olhar que me tornou tão teu, e só teu.
Vivo assim, na calma dos segundos que nos levam para bem longe deste mundo que nos afastou na mais profunda das incertezas.
Encontro-te onde sempre te encontrei, nos meus livros, na minha história, nos meus dias de intenções, nos meus sonhos e emoções, e tudo em ti faz sentido.
Um dia faço de ti a pessoa mais feliz do mundo.
terça-feira, janeiro 08, 2008
A noite...
É o brilho dos teus olhos, é a minha voz, são as tuas dúvidas, são as minhas certezas, é a tua história, é o meu passado, é o teu pecado, é a minha angústia, é a tua fuga, é a minha memória, é a tua vida, é o meu rumo.
É uma felicidade que se desperdiça na força de uma memória dos dias que escasseiam, em que te via e nos escondíamos de um mundo que demorava a perceber o sentido da nossa viagem e que acabaria por nos surpreender na voluptuosidade de um pensamento que não me dizes se perdura, nem quando.
Epitáfio de um momento que encerra na fugaz incerteza que é sentir-te.
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Sabedoria...
Estes dias foram de uma angústia sufocante.
Tudo me prendia: as imagens, a memória, a tua voz, as tuas mensagens, a ausência de um olhar que estava tão longe de mim.
Quis tanto acordar-te e obrigar-te a ver o sol comigo.
Não imaginei sequer que doesse como doeu. Não foi não te ver, foi não te sentir, saber que nada estava bem, que tudo aquilo não era certo, e que no fundo era tudo tão injusto para ti, para nós.
Não consegui ligar o rádio enquanto não te senti bem. Na verdade, tinha medo de te 'ouvir' numa dessas músicas, e chorar... Tantas vezes chorei, vezes de mais diziam-me.
Vivi como nunca vivi, algo que não era real, numa calma que não era a minha, senti-me a desaparecer, foram-me vendo desaparecer, e ninguém parecia perceber, somente eu.
Tremia quando te tentava escrever, e escrevi-te algumas vezes.
Consegui sorrir com quem me trouxe novas tuas, quem te pertence desde sempre...
Agora... as saudades e uma adoração que persiste...
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