terça-feira, novembro 25, 2008

mais ...

... chegaste tarde e eu saí cedo de mais.
Não tínhamos horas, assim como nunca tivémos pressa de nos obrigar a voltar a trás.
Das rosas que foram tombando neste caminho estreito de uma vida desenhada pela saudade, jaz o desejo de uma solidão quase serena.
Hoje continuo bem longe, a escutar todo o teu silêncio.

quarta-feira, novembro 19, 2008

meia lua ...

Numa noite decalcada pela saudade, dançava já sem fôlego toda essa felicidade que se arrastava só por ruas vazias de uma luz quase deserta.
Sempre que nos perdemos num nosso olhar, beijámo-nos vezes sem conta, e olhámos sempre vezes de mais.
De tudo o que tivémos direito, restou uma meia lua e não uma lua inteira que nos enchesse de coragem para poder fugir de nós.
Porquê?

quarta-feira, novembro 12, 2008

descrição...

... do fim de noite, o casaco estendido no meio de uma sala vazia, uma voz que não cessa, e um corpo prostrado numa cama dessarranjada pela pressa do dia que acabou por passar.
O toque sentido, sem sentido no corpo que gela do frio que trespassa o arrepio de uma morena certeza que se despe sem culpa.
O desejo que não finda, os olhos que se procuram num negro silêncio de um despertar que adormece sempre sozinho.
O ímpeto do erro que nasce da saudade e se afoga no ensejo de nada mais existir, do que apenas amar pelos minutos seguintes de um acordar já passado, despertado pela mão desse prazer que resiste, que subsiste...

sexta-feira, novembro 07, 2008

um lugar vazio a mesa...

... do cair da tarde recordo o frio que chegava de mansinho a epiderme de um toque, vencido pela saudade do tempo que me culpava por não ter ficado.
Jamais achei poder amar um outro corpo senão aquele que me preenchia os sentidos de uma irracionalidade amoral, de uma invencibilidade eterna, de uma culpa verdadeira.
A nossa aventura é o nosso maior segredo.
Dura há anos, esse medo de um gesto que não chega mas que não tarda, que apesar de nunca prometido, valeu sempre a pena esperar por ele ...
... no final desapareces e deixas que o silêncio tome conta da nossa história ...