segunda-feira, agosto 20, 2012

Tropeçando...

Hoje não precisas de ouvir uma má desculpa para quebrar a monotonia do teu silêncio.
Falas sem pedir permissão, de um quase super-herói que na urgência da sua função, se deixou apaixonar por ti.
Essas palavras nas quais insistes em tropeçar, são a história da tua vida, embaraçadas na luxúria e na desavença do que para ti é amar.
Nunca te sentiste verdadeiramente livre, sem a pressa de que chegue até ti, a verdade de uma consequência, de uma história sem autor.
Aguardas, para que possas ser tu por completo, no que fazes, dizes e desejas, sem que persigas a sombra de uma amoralidade que apenas é uma tua vontade.

sexta-feira, abril 27, 2012

Leitura


Foi apenas um segredo que o aproximou de um presente que decidiu viver no instante seguinte à despedida de um gesto perdido, que entre outros, soou a vulgar.
Distraiu-se sem que advinhasse o que procurava, para se encontrar nas palavras que ele próprio quis que fossem breves e sensatas.
O momento em que o leitor mais prudente se perdeu, foi quando a sua imaginação tropeçou no vazio de uma página em branco.
Hoje tudo parecia ser diferente, a liberdade que decidiu descer a escada do silêncio e se amotinou, está hoje amortalhada por essa saudade que o fez libertar do medo.
Aguardam-se notícias desse pecado que decidiu morrer lentamente na penumbra de um dia, que nunca mais acabou.

terça-feira, agosto 16, 2011

Apontamento II

Talvez seja isso, essa forma voraz com que se prende à ilusão de se chamarem iguais, é apenas um se, num monólogo preenchido pelos momentos maus de se amar alguém. Esse seu sim, que não soa a verdade, é talvez apenas a certeza dos dias bons que acabam sempre por espreitar de um passado vulgarmente distante, para os dias que só hoje recomeçam.

Apontamento I

Um capitão pecado que pode até ser o seu sexto sentido ou até uma nova cor. Vive como indigente, como algo que não existe e que apenas sobrevive ao momento que se segue a esse seu amor de sempre. Essa dor é apenas um desejo que não cessa, num mundo que quebrou em dois.

segunda-feira, abril 04, 2011

Nota III

Passaram-se dias, aproximei-me de ti como os segundos dos minutos e esperei, no embaraço de uma história, sem final para contar. O desespero que ecoa nessa incerteza, de uma falta de coragem em te chamar e te falar, te roubar e te ter para mim, enquanto nos vamos encontrando em cada dança que perdemos. São sinais de um tempo que não parou e nos tornou tão frágeis, quanto essa certeza de um outro mundo que nunca existiu.

Nota II

A calma no interior da sala exígua contrastava com o buliço com que o vento transtornava as bandeiras desfraldadas de um estado já por si caótico. Amontoavam-se as certezas de um embaraço traduzido por um qualquer número que me atormentava o pensar. Habituado às conquistas dos dias tempestivos, descansa a saudade de uma vontade atroz de desistir.

Nota I

Desistiu de tudo a que não resistia para ceder a um vulgar deslumbramento de uma sorte jogada ao acaso, de uma derrota que se sabia iminente. Uma simples distracção e demitem-se os sentidos submissos a uma sua vontade de querer. Era tempo de não pensar e de nos perdermos nos caminhos que nos convidam a uma má sorte. Castigam-se as memórias e vai restando esse presente que nos espreita na penumbra e se perde sem rodeios. Odeia-se para não se amar.

quarta-feira, novembro 10, 2010

um quase romance de cordel...

…uma paixão impetuosa e uma fidelidade ao apraz sentido de uma viagem que duraria para sempre.
Reza a loucura de uma juventude insensata, que sem regra nem lei apenas encontrava sentido nos destinos de uma mulher. Uma mulher que o amava de mais.
Passam-se anos.
Esqueceram-se da paixão, dos passeios no parque, do amor de baloiço, das escadas escondidas e dos beijos roubados nas noites descobertas pela saudade dos dois.
Deixaram de se encontrar às escondidas para deixar de se encontrar de todo.
Lembram-se em silêncio dos cafés já frios, pousados numa mesa esquecida, ao relento de uma memória que os faz viajar para sempre.
Fica o abraço e um adeus, a melancolia de um beijo que resiste ao tempo que os deixou.

olhando pela janela...

Foi por impulso que esse abraço se prolongou por tempo demais.
Dois corpos colados e uma ténue esperança de que tudo parasse no perfume desse fim de manhã.
Sobra o embaraço e o êxtase diluído nesse suor que te percorria o corpo, nesses momentos em que te perdias de ti para te encontrares em alguém...
Foste-te moldando às mãos desse prazer que decidiste eternizar em gestos.
Essa rotina que te persegue de uma saudade que não escondes e que te magoa com um sorriso.

segunda-feira, outubro 11, 2010

olhar vazio...

Faz de conta que és só tu e encosta-te ao silêncio.
Deixa que esse olhar que te vasculha a memória se perca por outras razões e seja finalmente livre.
Despe-te sem que te sintas culpada e continua a não gostar que te olhem.
Deixa que te desejem.
Vais acabar por querer tudo o que te quer e acabarás sempre com o olhar vazio.

sexta-feira, setembro 17, 2010

ideia...

... um beijo que demora e o tempo que toma conta de mim, vendido à indigência dos desenganos e à verdade das palpitações, quando dessa incandescente paixão sobra esse amor que adormece no peito.