terça-feira, março 25, 2008

Apre(e)nder a felicidade ...

Comecei a ser verdadeiramente feliz quando comecei a saber perder, quando comecei a saborear o que perdia em detrimento do que os outros pudessem ou não vir a ganhar. Tentei sempre minimizar qualquer estrago que uma minha vitória, ou até mesmo uma ou outra esperada derrota pudesse causar num meu minuto seguinte.
Comecei a compreender os outros perante a adversidade, as suas reacções e mágoas, as suas dores e toda a sua força para superar o que para nós, parece sempre ser mais fácil ultrapassar do que realmente é, para quem vive de verdade, a sua dor.
Aprendi que o amanhã não vai existir para sempre, mas que isso não é um motivo, muito menos uma razão, para me fazer olhar para o mundo com um olhar de uma fugacidade ou loucura latente, que me faça pensar em agir, como se esse amanhã não viesse mesmo a existir.
Comecei a aprender a saborear os pormenores da minha vida e olhar para eles como se fossem únicos, mas que nunca deixassem de ser os meus pormenores. Aprendi a ouvir, mais que a falar, para que todas as minhas palavras apesar de raras, tivessem a força de um sentimento que amanhã ainda pudesse prevalecer.
Aprendi que o amor não se ganha, se conquista e se compreende.
Que a felicidade não passa só por se viver junto, mas principalmente por dar a mão quando se chora e um abraço quando se perde, e que isso é gostar de verdade.
Aprendi que amar é a minha mão fria que apenas aquece no teu corpo.

quinta-feira, março 20, 2008

escrever de novo ... (1)

... Saudosismo atroz que tornou refém do meu passado meia dúzia de gente que encarou hoje a sua vida como um desígnio de alguém que ainda hoje perdura, e que cuja importância do parecer bem, ou que perante outros, uns seus semelhantes, possa parecer mal, faz esquecer o mais importante que é saber viver ou aprender a saber fazê-lo sem preconceito de um sentimento.
Restam uma dúzia de conceitos mascarados de uma insensatez deturpada por uma história, essa sim, romanticida ou até mesmo desprezada pela sua própria essência que em si encerra um maior erro de ser amante: esconder-se na ampla fraqueza dos outros ...

escrever de novo ...(2)

... hoje recordo-me do que disseste: demos a volta ao texto e reescrevemos o absurdo... um exercício impossível para quem apenas se olhou uma vez e se cruzou outras tantas com o seu destino. Apagaste a luz do teu quarto e adormeceste na esperança que amanhã tudo fosse diferente, mas as pessoas acordaram iguais a si próprias e tudo estava na mesma ...
... hoje recordo-me do que disseste ...

Sabes...

... bom é acordar todos os dias e pensar que te vou ouvir no primeiro momento da manhã ... mas melhor é deitar-me com a tua voz e antes de adormecer ouvir-te dizer até já ...

terça-feira, março 18, 2008

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(6)

Decide partir hoje.
Mas antes partilha um café, seduzindo uma vez mais o mundo que ela quis que desaparecesse dos seus dias.
Gosta de se sentir gostada, não gosta da palavra impossível, no entanto nada faz para conquistar o díficil, apenas o errado e outras vezes o fácil.
Despediu-se sem história num dia de calor sufocante.
Só queria que não a procurassem mais.
Busca em outras vidas o significado do seu sentir, escreve uma carta e parte para sempre:
'É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o Sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.'
Alberto Caeiro

2007/07/19

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(5)

Acorda em sobressalto e não consegue mais adormecer.
Olha para o lado, e tudo o resto que parecia adormecido a desperta para um cigarro.
No pensamento, os dias que se aproximam.
Vai poder sair dali, fugir de um mundo que já a conhecia, que a julgava.
Um mundo que não compreendeu a necessidade de ter que se mostrar mulher, desejada.
Após a rotina de um dia, já a noite vai alta, e decide partilhar a sua angústia com uma amiga qualquer, de preferência uma que não a pudesse julgar e encarasse a sua história no album dos momentos banais na vida de uma mulher qualquer, ou no percurso de alguém que precisa esquecer outro alguém. Escolheu o primeiro. A segunda hipótese pareceu-lhe uma porta que não queria ver aberta.
Procurou as mortalhas e perdeu-se nas músicas de sempre.


2007/07/19

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(4)

De volta á sua rotina.
O medo subsiste nos corredores que passeia com o mesmo ar de miúda, sente-se vulgar dias passados que estão, de um encontro tão errado, de um prazer emancipado, e de uma imaturidade alheia a uma personalidade fraca.
Sabe que sim, não se cansa de o repetir para si mesmo, mostra-se forte, fecha-se em si.
Sente-se sem razão.

2007/07/18

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(3)

Dias passaram de uma noite que não passou disso mesmo, uma noite só.
Nem o seu habitual banho demorado conseguiu tirar da sua pele o cheiro de uma luxúria extasiante que persiste na sua tez, tatuada que está pelo erro de umas horas que hoje só quer esquecer.
...
Jura ter ouvido a palavra amor, entre o calor de um abraço e a brisa fria de uma manhã nublada.


2007/07/16

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(2)

Vestiu um pouco da sua solidão e decidiu sair porta fora naquela noite.
Julgou importante mostrar-se desejada e olhar-se o maior número de vezes a um espelho que lhe corrompia a alma e a fazia sentir vulgar.
Hoje de noite encontrou sozinha o significado de um consumo imediato.
...
Já esperava acordar sozinha.

2007/07/13

Crítica ao diário de uma mulher qualquer(1)

A aparência nota uma calma discreta que ela impôs a si mesma como sendo sua, somente as mesmas palavras que ela repetiu vezes sem conta, a fazem sentir culpada de não as conseguir tornar únicas.
Partilhou de mais - ela sabe que sim; os momentos quando vividos com alguém já não sabem ao doce sabor de uma viagem sem regresso, de uma nova descoberta, de um novo sentido.
Parece que tudo parou na incerteza de um passo que mora no seu consciente e a prendem a uma culpa que ela sabe que fervilha nas frases que em falsete balbucia de uma forma forçada, talvez fingida.
Hoje passeou-se só, por mais uma vida que a fez mascarar-se de alguém que não era.

2007/07/12

...

... choro com quantas lágrimas tenho porque não sou nada ...

segunda-feira, março 17, 2008

ouve-me...

... dá-me a tua mão, prometo que esta não será a última vez que te peço que o faças nem a primeira que tenha desejado fazê-lo ...
... deixa repousar os teus cabelos nos meus braços enquanto te dispo dessa ansiedade que me enfeitiça e te deixa esboçar um doce sorriso ...
... toda esta cumplicidade de um nosso prazer que não finda ...

sexta-feira, março 14, 2008

Vuoto...

Somente escrever um parágrafo de uma qualquer outra história, de outras andanças ou até mesmo de outros mundos. Um momento que preenche os minutos contados dos dias que por nós passam com os mesmos sobressaltos de nomes próprios, de sentidos insensatos, tão pouco proibidos, quanto a tristeza do senso comum possa imperar nas mãos de quem escreve o que se acaba de ler.

Nada.

quinta-feira, março 13, 2008

Porto(4)

... os beijos que nunca chegaram a provar dos nossos lábios o doce sabor de um tempo teimava em não parar, esses beijos que adormeciam no teu rosto, esses beijos que te arrepiavam em cada verso ...
(pelas ruas da cidade, ... : ...)

Porto(3)

... ouvimo-nos uma noite inteira: cruzámos dois mundos e ampliámos o nosso desejo na sede de um beijo que ficou por dar ...
(foz do douro 01.17)

Porto (2)

... E se tudo pode parecer incompreensível, é justo que se pense que há horas de um tempo diminuído, pelo que a incompreensão dos outros se esbarra no seu próprio anseio despido de uma vontade de acreditar no 'nós', que passeia de mãos dadas ...
(casa da música, 22:14)

quarta-feira, março 12, 2008

Porto

... Pertenço a um mundo em que as pessoas se gostam, por sentir que gostam sempre, não de vez em quando, não de uma forma intermitente, mas sempre ...
(semáforos da Avenida dos Aliados, 22:57)

terça-feira, março 11, 2008

Pormenor...

Sentei-me hoje diante de ti, talvez com a mesma sede que me aproximou dos teus olhos quando beijei o canto da tua boca, sem que o teu pudor me impedisse de o fazer ou sequer nos repudiasse de todos aqueles sentidos que um extasiar doce e de contornos solúveis em calmos prantos de vontades perdidas, nos deixasse tão somente sós.
Sem que fossemos descobertos, esse toque, que em si encerra toda a razão de palavras de canto, de prazer, desse momento que nunca foi apenas só um, e que ainda hoje assim se lembra como único, mas que se repete todas as vezes que te vislumbro.
Vivemos essa certeza, que embora nunca certos, toda aquela certeza que nos cercou de razões de um desejo fortuito, nasceria das nossas letras e acabaria por viver hoje, amanhã, aí, no mesmo mar de um sentir só nosso.

segunda-feira, março 10, 2008

Os dias que passaram...

As palavras que um dia te fizeram parar em frente da tua vida, as mesmas que te fizeram julgar, amar mais ou menos tudo aquilo que tu julgavas viver no calor daqueles momentos de um preenchimento vazio, que deturpava tudo aquilo que te arrastava e te esmorecia para uma dor de uma neblosa tempestade que te atormentou sempre no dia a seguir, no teu acordar, e mais tarde no nosso deitar, na nossa história.
Tudo isso findou outrora...
E agora, só nós...
Pousados que estamos numa eternidade de aromas e sabores de excelência.

sexta-feira, março 07, 2008

Momento...

Abre a porta devagar, espreita primeiro, tenta ouvir um qualquer ruído que te faça perceber o que podes não conseguir ver e deixa-te aproximar de mim.
Deita-te ao meu lado e beija-me com a tua saudade.
Hoje estamos só nós.
Vamos perder-nos nas nossas razões tão docemente imaturas, tão nossas e vamos continuar assim: só nós.
(...)
Um dia vou pintar no teu corpo uma tela com as mesmas palavras que me fizeram acreditar que um sonho podia ser vivido e que o dicionário do nosso alfabeto tinha o teu nome desenhado em todos os seus significados...

quarta-feira, março 05, 2008

este café...

Olha a tua volta e procura uma razão para que não me perca em ti.
És tu que me olhas nos olhos e me destróis o cansaço, me despertas com as tuas palavras, com os teus desejos e com os teus dias... me abraças e me dás todo o teu frio.
Só quero ficar, apenas ficar, perder-me mais um pouco em ti, mas ficar...
Este café parece não ter o mesmo sabor sem ti. Balança entre um sabor agridoce, e um amargo que me desperta uma sede imensa, que apenas finda na doce certeza de um sorriso que é só teu...

terça-feira, março 04, 2008

Sonhei contigo

Sabes, hoje sonhei contigo...
Acordei e não te vi a meu lado, olhei para onde pensava adormecer a tua voz e tudo parecia vazio. Sei que as últimas palavras foram tuas e as minhas apenas surgiram suspensas em suspiros que me acompanharam num cansaço sentido até que de manhã... pudessse abrir os olhos.
Ficou um pouco do teu perfume na minha pele, o mesmo que me despertou de matina e me fez sentir mais verdadeiro... contigo era diferente.
Contigo sempre foi diferente.
A tua voz fazia-me feliz pela manhã... apenas a tua voz.
Fazias-me rir, fazia-te sorrir, e tudo era nosso, a nossa manhã, a nossa cama, o nosso perfume... era tudo nosso, sem que nunca tenhamos partilhado o mesmo leito...
Acordei sem ti, é uma verdade, mas sabes: Hoje sonhei contigo.