sábado, junho 24, 2006

A noite que se fez dia...

Viajei durante poucas horas por pecaminosos caminhos em que me dei a conhecer, com uma enorme sede de desejo de poder parar o tempo, e nunca o desejei assim tanto, senão ali, senão contigo.
Inventava, agora, qualquer razão que atentasse ao verdadeiro motivo que é nunca deixar cair um véu amargo e triste sobre uma história que nasceu da noite e acabou por não se deixar adormecer já de dia. Ainda agora me faz acordar com um sorriso insuspeito pois sempre me recordo do adeus, e daquela mesma noite escura em que mais ninguém existiu e de mãos dadas fugimos em direcção ao nada, que passou rapidamente a ser o nosso tudo, e a ser não mais que uma verdadeira razão que é vermo-nos e sentir, e sentir mais, e não menos, sem com isso nos vermos, mas sempre resistentes à vontade que nos acossa, nos aproxima.
Não inventei palavra alguma quando julguei estar mais perto de um sonho escrito por ti, que de uma qualquer curta-metragem feita de sobressaltos constantes entre o deve e o haver, entre o que se é e o que não escondemos, quando apenas se procurou não nos despirmos de nós, querendo sempre que tudo seja tão puro como assim começou, dando então a razão ao tempo, que nos julgue, pois se nos deu a oportunidade de ver a lua, e o sol em breves segundos, também me irá fazer acreditar que, da mesma forma como consegues colorir com o teu sorriso quem te ouve, também consegues pintar o sonho, que eu te posso desenhar por palavras e só tu preencheres de cores garridas, não tão discretas, quanto a essência terna das carícias sentidas, que só deixariam de ser únicas perante a voz, as palavras,e os lábios, de quem apareceu sem forma, e apaixonou como mulher... Viajei durante poucas horas contigo...