quinta-feira, agosto 31, 2006

Falar por falar...

Tentar falar de uma paixão sem a viver, é o mesmo que recriar um amor sem que ele alguma vez tenha existido, só por si, impossivel.
Também se as nossas palavras contassem as mesmas histórias que insistimos em partilhar com alguém que nos diz muito, e essas sim fossem o resultado de tudo o resto que deixámos para trás para viver o nosso sonho, por aí, estaríamos permanenemente a falar verdade e a ser sinceros pelo que sentimos e pelo que escondemos dos outros que nada nos dizem.
Vivemos assim, maior parte dos nossos dias a questionar as acções dos outros sem sequer olharmos para as nossas más realizações de certezas dadas como tão certas. Somos e seremos sempre seres criticáveis por quem faz questão de tornar importante tudo o que fazemos de uma forma despreocupada e sem sentido algum, é nesses momentos que estamos longe de atingir a perfeição aos olhos de alguém que nunca nos verá como tal e que por isso nos usa como um exemplo a não seguir.
E assim, somos mais uns poucos no meio de tantos outros, que constantemente nos olham e nos desafiam pelo que escrevemos e pelo que sentimos, sem nunca olharem para nós como nós realmente nos vemos a ser olhados pelos outros.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Nada mais que nada...

Ainda cheguei a vislumbrar contigo o mar, naquele mesmo dia em que não o queria ver com mais ninguém senão contigo. Passaram-se então dias imensos, em que o mar, esse, não deixava nunca de acalentar a vontade inconstante de te tornar só minha, no gesto mais egoísta que até então alguém poderia tolerar.
Partindo rumo à desmesurada inconstância tão pouco constante daquele vento que agora nada mais faz senão empurrar as ondas em direcção ao longe, e que por assim ser nunca chegou a estar tão perto, do que sempre sonhei tão próximo de nós.
Agora de costas voltadas para o sol, aquele mesmo que nos jurou tão juntos e nos marcou de tão longe, aquele mesmo que agora nos ilumina, separados que agora estamos em caminhos alados do teu próprio pensar.
Ainda hoje te leio, embora sem aquela saudade de paixão ardente, na calma da maresia que me aconchega a memória, á frente das mesmas ondas que um dia te trouxeram, e noutro te levaram, para bem longe das minhas letras, essas mesmas, que também já foram tuas.

terça-feira, agosto 01, 2006

A carta nunca enviada...

Sem escolher as mesmas palavras que agora te ofereço, seria então incapaz de te negar o passado da forma como julgámos nunca mais o viver a não ser como só nós julgámos vê-lo no nosso futuro, mesmo que na sobriedade de um dia de paisagens nítidas tivéssemos prometido, um amor de sabor sem fim, e assim o escrevemos, em papel de um doce ardor de uma distância que nos ia tornar tão somente amados.
Aprendi contigo que nada mais seria o mesmo, sem que acreditasse no primeiro e único amor que se vive na verdadeira vontade de conjugar dois corpos e desfalecer sem que nada mais conte, senão a volta do sonho que começado por nós, jamais terminaria longe do que sempre contámos viver, juntos e não à sombra de medos inconstantes que nos fizeram sempre mais fortes.
Enganei-me com as dúvidas que te entristeceram um dia, e só tu me fizeste cambalear pelas ruas não menos cambaleantes de pensamentos fortuitos de quem te julgou sempre longe, sem pensar nunca, que não deixarias de estar tão perto como no dia em que questionámos tudo o que nos quis deixar a sós, naquela mesma praia, com aquele mesmo mar, mas com as ondas de um sol bem diferente que nos fez perder nos braços de uma doce loucura, sem que o tempo fizesse de nós escravos, como nunca quisemos que assim fosse, e assim foi.
Trouxemos até nós a mais doce das saudades, quando naquele gesto mais insuspeito, desviámos o olhar, do que não quisemos admitir como sendo certo e por isso estás tão perto de mim, se calhar como nunca conseguiste estar, sem que o saibas, sem que o penses, sem que eu te o diga como certo, mas que o sentes quando para ti olho e sorrio com aquele brilho que só tu consegues tornar mágico num olhar sem magia alguma.
Adormecer sem que note a ausência do teu suspiro tão quente, quanto quentes foram as horas que me deixaste viver em ti, e tão frias aquelas que suspirava na longínqua viagem que caminhava sozinho, num qualquer trilho, o qual me tinhas ensinado o caminho de ida, mas que te esqueceras de me trazer de volta, e por lá ficaria, a meio caminho entre o sonho, e a incerteza ao sonhar que um dia voltaria a estar contigo, nos mesmo braços que um dia já me adormeceram nas promessas de um amor eterno.
Sem esperar, dou tempo ao teu tempo…