domingo, agosto 10, 2008

breve memória ...

Da solidão rescrevo versos de outrora, quando de resto faço questão de estar de costas voltadas ao tempo inoportuno que julguei ter encontrado sumido, na pressa de outras vontades, que não a de entristecer só.
Hoje, talvez porque não tenha acordado tão longe de mim, permito-me olhar estarrecido para tudo mais que me deixaria perplexo, me seduz e conquista, para que no momento seguinte, ganhe um pouco mais de fôlego e desista para sempre de viver.
Há quem viva da eterna desilusão de um meu gesto, eu próprio já não adormeço só, apenas aguardo que o sono me leve para outros mundos, quem sabe, mais justos e fáceis.
Tantas vezes pensei em como seria não voltar a acordar mais...

1 comentário:

little*thing disse...

A tua memória passa através dos factos como de uma fila de vidraças, ou de estações, ou de folhas de álbum. Às vezes, porém, paras numa, e é como se toda a vida se fixasse aí. E giras em torno, numa obsessão. Somente às vezes também, em vez de te fixares realmente, quando menos o julgas estás parado noutra folha, noutra janela, noutra paisagem.

Vergílio Ferreira, in 'Estrela Polar'