segunda-feira, julho 21, 2008

de mim ...

Se hoje escrevo, é porque a minha própria razão me permite fazê-lo.
Não desenho para ninguém, nunca o fiz por gostar de o fazer, não dou nome ao que escrevo, e sei que o faço, consciente de que sempre o que tentei fazer, não gostava do que lia depois.
Podem passar anos, e tenho a certeza que existirá sempre alguém que se vai olhar nas letras que um dia resolvi juntar, e sem mágoa nem julgamento, decide fazê-lo de forma egoísta.
Sou apenas eu.
Sempre fui.
Nunca quis ser mais do que eu mesmo.
Para mim isso basta, e não sendo para alguns o suficiente, é apenas aquilo que hoje assumo como verdade, e que sempre tive para dar.
Fecho os meus olhos e resolvo adormecer, já longe.

sábado, julho 19, 2008

da tua rua ...

... nesse caminho desajeitado de verbos e sujeitos improváveis, pedia que me deixasses olhar-te mais um pouco, dizer-te que do fundo da tua rua fiquei à espera me acenasses com um beijo, e não com um teu tímido adeus ...

quinta-feira, julho 17, 2008

dos olhos claros...

... é a arte que conheço: a de vaguear pelas ruas de um teatro pobre, em noites caladas pelo medo de um escuro silêncio que me vai abraçando em cada passo que esmorece nas calçadas já gastas pela dor do seu tempo ...
... no final, resta a saudade de todo esse encanto.

terça-feira, julho 15, 2008

lapidar ...

... deslumbrados por um mundo que nos seduz, continuamos a ser sempre, a nossa melhor desculpa ...

improvável...

Porque já não é suposto escrever.
Sento-me definitivamente e vejo a vida a passar diante dos meus olhos sem que nada me faça levantar e perder-me novamente de razões perante a indiferença.
Apenas viver, já sem vontade de resistir a um improvável adeus.
Parti, sem que tenha escutado todo o meu silêncio.

quarta-feira, julho 09, 2008

magia ...

Talvez fosse tudo menos saudade.
Um horizonte vestido de negro que me seduzia enquanto imaginava perder-me nos seus braços.
Apenas me olhava, sem me tocar.
Medo seu, talvez...
Por certo um meu medo.
Uma história que fui desenhando sem palavras.
Ficava horas a ouvir-me em silêncio.

terça-feira, julho 08, 2008

paixão do tempo...

Diria que foi o tempo que me apaixonou.
Foi a diferença entre o meu tempo e todo o seu tempo. Talvez apenas por instantes, mas sempre de uma forma fugaz sem qualquer vulgar premeditação.
Diante das suas palavras nómadas, as mesmas que fomos trocando, num insensato descontrolo de razões que nos ia julgando.
Não a vivi, por não a poder viver mais.
Vou adormecendo serenamente de uma vida que decide libertar-me aos poucos.
Ficou a certeza de uma alma desigual.

quarta-feira, julho 02, 2008

da minha cidade ...

Trazia esta história guardada há anos...
Nas ruas da minha cidade consegui sentir o travo amargo de um abandono precoce. Senso vulgar de uma juventude canalha, e o aconchego de algumas noites que me ensinaram a relativizar o tempo.
Caminhei tantas vezes perdido, por calçadas que conhecia tão bem, procurava encontrar-me em cada passo, mesmo quando aquele calor de sufoco me obrigava a deambular junto à sombra de lúcidos casarios.
As noites de Verão eram bebidas de um silêncio sepulcral, onde apenas se olhava a noite.
Recordo tantas vezes um silêncio apenas corrompido pelo sossego das horas que demoravam todo o seu tempo a passar.
Na minha cidade aprende-se a sedução de uma saudade que nasce connosco, que se aprende, e se ama para sempre.
Não bastava passar por ti, tinha que te viver, tinha que te sentir, tive que partir, e sempre me obriguei a voltar por me teres ensinado a amar.