quarta-feira, novembro 10, 2010

um quase romance de cordel...

…uma paixão impetuosa e uma fidelidade ao apraz sentido de uma viagem que duraria para sempre.
Reza a loucura de uma juventude insensata, que sem regra nem lei apenas encontrava sentido nos destinos de uma mulher. Uma mulher que o amava de mais.
Passam-se anos.
Esqueceram-se da paixão, dos passeios no parque, do amor de baloiço, das escadas escondidas e dos beijos roubados nas noites descobertas pela saudade dos dois.
Deixaram de se encontrar às escondidas para deixar de se encontrar de todo.
Lembram-se em silêncio dos cafés já frios, pousados numa mesa esquecida, ao relento de uma memória que os faz viajar para sempre.
Fica o abraço e um adeus, a melancolia de um beijo que resiste ao tempo que os deixou.

olhando pela janela...

Foi por impulso que esse abraço se prolongou por tempo demais.
Dois corpos colados e uma ténue esperança de que tudo parasse no perfume desse fim de manhã.
Sobra o embaraço e o êxtase diluído nesse suor que te percorria o corpo, nesses momentos em que te perdias de ti para te encontrares em alguém...
Foste-te moldando às mãos desse prazer que decidiste eternizar em gestos.
Essa rotina que te persegue de uma saudade que não escondes e que te magoa com um sorriso.

segunda-feira, outubro 11, 2010

olhar vazio...

Faz de conta que és só tu e encosta-te ao silêncio.
Deixa que esse olhar que te vasculha a memória se perca por outras razões e seja finalmente livre.
Despe-te sem que te sintas culpada e continua a não gostar que te olhem.
Deixa que te desejem.
Vais acabar por querer tudo o que te quer e acabarás sempre com o olhar vazio.

sexta-feira, setembro 17, 2010

ideia...

... um beijo que demora e o tempo que toma conta de mim, vendido à indigência dos desenganos e à verdade das palpitações, quando dessa incandescente paixão sobra esse amor que adormece no peito.

quinta-feira, setembro 16, 2010

entre palavras ...

Viro a página na esperança de te olhar nos olhos e acabar por te desculpar, desculpando-me de tudo.
O argumento de que te falo, do enredo de que se fala, sobra a maior das histórias de amor descoberta nas ruas do mundo e trancadas nos gestos de sempre.
É entre palavras que te vislumbro aqui.

terça-feira, setembro 14, 2010

do lado de cá...

Foi do lado de cá que se sumiram as razões e se encontraram as demandas para um gracejo em tom de promessa.
Demitem-se os sentidos e castiga-se o amor.
Resta a nudez que nos corrompe e os movimentos que vão traindo a saudade de se querer.
Esse desejo, em forma de certeza e o desespero dos minutos que nos obrigam a esperar pelo amanhã.

segunda-feira, agosto 02, 2010

silly season

Sobra o peso das perguntas que não sabemos responder e que nos cansam, de todas as desordens que nos transformam em monstros informes, sem tecto, sem lei, sem nada… sobram rumores que transpiram de dias queimados por esse sol destemido que se encontra cada vez mais só.
É é tudo tão pouco, quando a vida nos atropela e nos pede um pouco mais de nós, e nós nada mais temos para dar do que um sopro que vai forçando as folhas desse livro que teima em perder-se lá longe.
Resta-nos a audaz distracção da memória de um tempo que fugia em segundos e que passou a arrastar-se em horas.

quinta-feira, junho 17, 2010

de resto...

Todas as histórias têm um segredo.
Do segredo das histórias, resistem as palavras torpes, entre semblantes perdidos e olhares embargados entre as razões de verdade e as vozes tremidas que ecoam tão longe.
É o resto do mundo e o mundo que de resto, se espraia em livros e descobre sentidos, que vão escrevendo romances.
É o beijo que nos acorda e as viagens que nos deslumbram.
É a idade que não perdoa e nós que insistimos em perdoar a idade.

quarta-feira, maio 12, 2010

Sei que...

De tudo o que nos assusta, é o que nos foge diante dos olhos que nos consome a vontade de tentar perceber o tempo.
Sob as palavras, descansa essa calma geometria de uma idade tempestuosa e permanece a herança e uma paixão que arde num profundo silêncio.
Apenas enquanto não chega, essa dor que nos acorda, numa manhã que nos desperta.

segunda-feira, abril 19, 2010

cor...

... ver-te vencida por breves instantes, por esses olhos doces, que desmaiam nessa paixão que se sente e não se entende.
De porta entreaberta, sobra o calor que vai desculpando dois corpos que se descolam, ao sabor de uma insónia, que nos desperta e nos consome na perfeição desses suspiros velados nessa pele de mulher.
São as formas e os sentidos que se cruzam e se magoam, entre a nudez e essa sede, os lábios e os gestos e toda essa ironia de uma não tímida felicidade, que o temor da nossa idade, guarda na insídia deste nosso tempo.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

postal...

Bateste à porta do meu poema para me dares um pouco dessa cidade...
Trazias na mão encartado, o meu postal ilustrado e a memória desses passeios que nos arrastam pela saudade...
Falamos sempre de mais e acabamos embriagados pela certeza de uma viagem e do postal que ficará por vir.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

tinta da china...

Ferramentas de outrora e um quadro desvendado pela inércia de um tempo que parece que não passou. São suas, as formas desmedidas, dessa paixão que se constrói em cada palavra de angústia desse retrato que adormece só, na esperança de envelhecer só.
Esquecido pelo tempo, o espelho de uma utopia e a promessa de um sonho, embalado por essa música que transformou uma outra vida, num seu imenso silêncio.

terça-feira, janeiro 05, 2010

o acaso...

É um jogo.
Uma dança de encosto, um vestido preto, justo a um corpo torneado pelo pecado que serpenteia por essa sala despida de si.
A música que se cala e a luxúria de um desejo, desenhado pelos seus passos...
São os gestos que se desencontram e um cigarro que se acende no momento que se segue a uma vulgar troca de olhares e o copo vazio de uma fiel intenção.
Duas almas que se cruzam e um silêncio que se interrompe com a expressão da sua pele.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Fédon

A mesa do café que os separa e um monólogo distraído pelas lágrimas que vão desenhando cada palavra que esmorece esse semblante moldado pelas expressões mais tristes, sem tréguas de um suspiro de paixão, que vai vivendo na imortalidade do tempo.
Pensa demasiadas vezes neste momento para que consiga dizer não, a um impulso que a atira para os seus braços.
Nada disto é romântico, talvez uma sede animal em forma de um beijo.