terça-feira, outubro 31, 2006

Perder...

Não tenho que ser forte, quando todos os outros são fracos, e a minha fraqueza não é menos do que a timidez de um sentimento que se quer tão forte, como nunca esperaste que assim fosse, e que agora insistes em que assim não seja.
Ouvi-te hoje pela última vez, com a certeza que apesar de ser a última, não vou deixar de te escutar nas músicas que em tempos foram nossas e que agora te levam para bem longe de mim.
Se foi sempre um erro estar longe, nunca estar perto soube tão bem como agora, no momento em que não estás.
O temor, que se tornou pesadelo, algo que ficcionava como estando longe ou ser utopia, mas que aconteceu, e tão rápido, como o adeus que não se passou, nem ontem, nem hoje.
Tornou-se um acordar pesaroso, este que te fez ser uma lembrança, que agora já não me escreve, e que não acha preciso fazê-lo, porque ambos vivemos assim, na plena certeza que de tão incertos estarmos, não fazemos mais do que nos esconder disso mesmo.
Quando nada mudou, tudo parece ter mudado, no momento em que surgiu tudo o resto que existe do nada, e que agora conta mais que tudo.
Viver por viver, e conquistar o tempo, é já algo que por si só te custa, quando o resto, não é mais do que um passado desenhado a carvão, e apagado pelo lume brando da tua memória.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Parágrafo...

Apaga essa luz, e deixa que a memória dos tempos vividos te percorram o corpo, com a mesma suave leveza de um toque que não chegaste a tomar como teu, senão nos mesmos sonhos perdidos nos profundos mistérios de uma vida que julgaste terminada de emoções, mas que agora respiras dessa mesma sensualidade, que em cada gesto, em cada palavra, em cada momento, te fez deixar de olhar para longe de tudo, mesmo sabendo que nunca estiveste tão perto, como do momento em que desististe de nos escrever, longe daqui, as mais ternas fantasias, que hoje, nada mais são do que isso mesmo, uma negação de tudo mais, que não a verdade de uma vida que hoje passa por nós sem sequer nos olhar.

terça-feira, outubro 17, 2006

Um ano depois...

Faz hoje um ano, que fiz por dar a conhecer aquela panóplia de palavras menos públicas, e que se tornaram um pouco mais lúcidas do que outrora escrevia e em que desenhei mais nas entrelinhas, do que nas próprias linhas em que falava dos sentidos, sentimentos e fugas sem destino, e sem causa.
Foi um ano em que tudo mudou, sem nada efectivamente ter mudado, em que dei mais de mim, sem achar que tenha dado tudo o que acho importante mostrar e demonstrar. Fui teórico, e da teoria me valho para continuar a escrever os sonhos e as ilusões que nos fazem tornar tão pouco reais, e ao mesmo tempo tão iguais a nós mesmos.
A ti, que te perdeste um dia por aqui, e que decidiste voltar a este mundo que de tão submerso ser, não consegue subverter as vontades inóspitas que é viajar nas letras de alguém que está tão longe, e que sempre almejou estar tão perto... a ti, e só para ti, um bem haja pela força, pela crítica e por tornares a palavra desafio num objectivo que faço por recordar na vulgaridade dos dias que passam, sem esquecer que existe sempre um pôr de sol que nos encanta, o som das ondas do mar que nos adormece em surdina, e todos aqueles momentos, que só por o serem, valem por os vivermos como tal, e serão sempre especiais, como as palavras que insisto em aqui deixar.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Esse mar...

Eis que retomamos ao mar da intranquilidade, que de tão pouco tranquilo ser, não nos deixa ser mais do que uma soma improvável de lugares e palavras comuns.
Sei agora que um beijo já deixou de o ser, sem que um gesto nos transforme, como esperámos que assim fosse, jogámos e perdemos o que numa altura julgámos nosso, e não muito longe do que por instantes se tornou tão real, quanto desculpável.
Mais que uma viagem pelos mesmos lábios que insistimos em dar forma e cor, mais que tudo, uma alma que nos julgou como uma maioridade revestida de uma frieza inata que nos tornou tão únicos como o espelho que encontrámos no brilho dos teus olhos.
Recordamos e sentimos, e recordamos não mais do que um regresso ao mesmo passado que insiste em nos fazer viver nas mãos de um destino sem rumo e não ao sabor do vento que passa... mas sorrindo sempre...