terça-feira, dezembro 05, 2006

Voltar...

O silêncio consome-nos, mesmo que provocado pela incerteza do que se vai escrevendo, quando o que se faz, não é o que se sente, mas o que se pensa e o que se perde entre os nossos actos nunca omissos e sempre esclarecidos.
Falamos das sombras que nos ocultam a alma, mesmo que lá no fundo soframos como ninguém sofre, tudo se constrói e tudo se destrói, nada é, como dantes era, quando o tempo insiste em passar mesmo que de uma forma lenta, mas que passa, como ninguém passa, só ele mesmo, com a marca tão própria que nos faz sentir desprezados em dias corridos de tarefas inócuas que deixam de fazer sentido quando fechamos os olhos e nos despedimos do hoje, para conhecer o amanhã, com mais ou menos vontade, mas arriscamos em gostar mais do dia que aí vem do que aquele que deixámos partir.
A efemeridade do tempo só resiste à profunda certeza de um toque que se quer eterno, e que nos ajuda a superar a maior das distâncias e nos afoga na mais profunda das recordações a que chamamos saudade.

terça-feira, outubro 31, 2006

Perder...

Não tenho que ser forte, quando todos os outros são fracos, e a minha fraqueza não é menos do que a timidez de um sentimento que se quer tão forte, como nunca esperaste que assim fosse, e que agora insistes em que assim não seja.
Ouvi-te hoje pela última vez, com a certeza que apesar de ser a última, não vou deixar de te escutar nas músicas que em tempos foram nossas e que agora te levam para bem longe de mim.
Se foi sempre um erro estar longe, nunca estar perto soube tão bem como agora, no momento em que não estás.
O temor, que se tornou pesadelo, algo que ficcionava como estando longe ou ser utopia, mas que aconteceu, e tão rápido, como o adeus que não se passou, nem ontem, nem hoje.
Tornou-se um acordar pesaroso, este que te fez ser uma lembrança, que agora já não me escreve, e que não acha preciso fazê-lo, porque ambos vivemos assim, na plena certeza que de tão incertos estarmos, não fazemos mais do que nos esconder disso mesmo.
Quando nada mudou, tudo parece ter mudado, no momento em que surgiu tudo o resto que existe do nada, e que agora conta mais que tudo.
Viver por viver, e conquistar o tempo, é já algo que por si só te custa, quando o resto, não é mais do que um passado desenhado a carvão, e apagado pelo lume brando da tua memória.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Parágrafo...

Apaga essa luz, e deixa que a memória dos tempos vividos te percorram o corpo, com a mesma suave leveza de um toque que não chegaste a tomar como teu, senão nos mesmos sonhos perdidos nos profundos mistérios de uma vida que julgaste terminada de emoções, mas que agora respiras dessa mesma sensualidade, que em cada gesto, em cada palavra, em cada momento, te fez deixar de olhar para longe de tudo, mesmo sabendo que nunca estiveste tão perto, como do momento em que desististe de nos escrever, longe daqui, as mais ternas fantasias, que hoje, nada mais são do que isso mesmo, uma negação de tudo mais, que não a verdade de uma vida que hoje passa por nós sem sequer nos olhar.

terça-feira, outubro 17, 2006

Um ano depois...

Faz hoje um ano, que fiz por dar a conhecer aquela panóplia de palavras menos públicas, e que se tornaram um pouco mais lúcidas do que outrora escrevia e em que desenhei mais nas entrelinhas, do que nas próprias linhas em que falava dos sentidos, sentimentos e fugas sem destino, e sem causa.
Foi um ano em que tudo mudou, sem nada efectivamente ter mudado, em que dei mais de mim, sem achar que tenha dado tudo o que acho importante mostrar e demonstrar. Fui teórico, e da teoria me valho para continuar a escrever os sonhos e as ilusões que nos fazem tornar tão pouco reais, e ao mesmo tempo tão iguais a nós mesmos.
A ti, que te perdeste um dia por aqui, e que decidiste voltar a este mundo que de tão submerso ser, não consegue subverter as vontades inóspitas que é viajar nas letras de alguém que está tão longe, e que sempre almejou estar tão perto... a ti, e só para ti, um bem haja pela força, pela crítica e por tornares a palavra desafio num objectivo que faço por recordar na vulgaridade dos dias que passam, sem esquecer que existe sempre um pôr de sol que nos encanta, o som das ondas do mar que nos adormece em surdina, e todos aqueles momentos, que só por o serem, valem por os vivermos como tal, e serão sempre especiais, como as palavras que insisto em aqui deixar.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Esse mar...

Eis que retomamos ao mar da intranquilidade, que de tão pouco tranquilo ser, não nos deixa ser mais do que uma soma improvável de lugares e palavras comuns.
Sei agora que um beijo já deixou de o ser, sem que um gesto nos transforme, como esperámos que assim fosse, jogámos e perdemos o que numa altura julgámos nosso, e não muito longe do que por instantes se tornou tão real, quanto desculpável.
Mais que uma viagem pelos mesmos lábios que insistimos em dar forma e cor, mais que tudo, uma alma que nos julgou como uma maioridade revestida de uma frieza inata que nos tornou tão únicos como o espelho que encontrámos no brilho dos teus olhos.
Recordamos e sentimos, e recordamos não mais do que um regresso ao mesmo passado que insiste em nos fazer viver nas mãos de um destino sem rumo e não ao sabor do vento que passa... mas sorrindo sempre...

sábado, setembro 30, 2006

Outono...

Somos escravos das nossas próprias virtudes, quando nós mesmos não as reconhecemos como tais, deixando assim que se faça da nossa vida um vasto império de momentos sem sentido que insistimos em lembrar como eternos e tudo fazemos para não os perder, não agora.
Agarramo-nos ao tempo que insiste em nos deixar presos à memória de uma vida que julgámos abandonar no minuto que nos separou, aquele mesmo, quando finalmente nos abraçámos, e nesse momento virámos a página, aquela mesma, onde tinhamos sido a cumplicidade, a vitória, o desgosto, a memória e a saudade. Nada mais importa.
Chega agora o Outono. Caem as folhas da história de uma vida.
Sem dar oportunidade á memória desenhada pelos afectos, e no meio das páginas que insistem em me acompanhar ao sabor deste vento que já sopra frio e húmido, aconchego-me no abraço que não tenho, ao som de uma música que não toca, mas de um sonho que me permite dar os passos certos num momento que agora construo, sem conhecer quem quero, na distância de um tempo que insiste em nos deixar longe...
Chega agora o Outono. Caem as folhas da história de uma vida...

quarta-feira, setembro 20, 2006

(Ir)real

Escrevi-te ao som do tempo que passa, desenhei-te á medida das minhas mãos, para que te pudesse tocar sem esquecer os contornos da sedução que te deixam ser tão única quanto eu me lembro de te escrever que o poderias ser.
Tudo o que te tornou tão menos racional neste jogo, e já tão ausente nos dias que nos ultrapassam, sem mais nos olhar, acabando sempre por julgar a forma como queres que te olhe sem te ferir e te toque sem mágoa de dor. Tudo isto que vale no mundo que sonhei de uma só vez e só para nós, nesse mesmo tempo em que nada mais conta senão o que tu contas, como verdade.
Os passos que dás nas palavras que escreves, na forma desinteressada que desperta o interesse de quem não te vê e apenas te lê, são sombras de virtudes, desenhadas pelos gestos despreocupados de quem sabe que não existe, senão só em sonhos, arriscando por isso tudo, sem ter nada a perder, senão o fôlego de quem fugiu um dia de um destino tão certo que era tornar-se real.
Vive-se melhor assim, sem a pressa de aparecer, sempre com o medo que a ilusão que nos torna invisiveis, nos proteja da maior das desilusões que um dia um sonho criou...

quarta-feira, setembro 13, 2006

Passeio de Inverno

Acho que na incerteza de uma acção mais impensada, acabamos sempre por hesitar em fazer o que advinhamos ser o mais certo, pensando com isso, que será objectivamente o mais fácil, mas nem por isso pensamos na realidade que é errar, como um caminho que traçamos de olhos vendados.
É sempre a mais incorrecta de todas as correcções que alguma vez julgámos corrigir, num longo e oblíquo movimento de ponderação, de quem nunca julgou a verticalidade de quem hoje nos enfrenta, esgotando assim a visão cruel de um mundo egoísta e só, como aquele passeio de Inverno, pelo parque da tua memória, apagada pelo espaço vazio criado pelo tempestuoso tempo de uma distância que nunca nos deu tréguas e amargamente nos julgou.
Fugidia esta saudade que outrora escondeu uma paixão e um medo que nos traz à lembrança, o k foi suspirar pela dor da ausência de quem nós nada mais sabemos, na mais sublime das histórias de amor.
Consigo ainda lembrar aquele passeio de Inverno tão tempestuoso, como tempestuosas são as memórias que habitam nos minutos que passam da rotina de uma vida.
Assim se constrói a saudade, na dúvida e na incerteza, nubladas por um futuro, que não nos pertencerá mais.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Falar por falar...

Tentar falar de uma paixão sem a viver, é o mesmo que recriar um amor sem que ele alguma vez tenha existido, só por si, impossivel.
Também se as nossas palavras contassem as mesmas histórias que insistimos em partilhar com alguém que nos diz muito, e essas sim fossem o resultado de tudo o resto que deixámos para trás para viver o nosso sonho, por aí, estaríamos permanenemente a falar verdade e a ser sinceros pelo que sentimos e pelo que escondemos dos outros que nada nos dizem.
Vivemos assim, maior parte dos nossos dias a questionar as acções dos outros sem sequer olharmos para as nossas más realizações de certezas dadas como tão certas. Somos e seremos sempre seres criticáveis por quem faz questão de tornar importante tudo o que fazemos de uma forma despreocupada e sem sentido algum, é nesses momentos que estamos longe de atingir a perfeição aos olhos de alguém que nunca nos verá como tal e que por isso nos usa como um exemplo a não seguir.
E assim, somos mais uns poucos no meio de tantos outros, que constantemente nos olham e nos desafiam pelo que escrevemos e pelo que sentimos, sem nunca olharem para nós como nós realmente nos vemos a ser olhados pelos outros.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Nada mais que nada...

Ainda cheguei a vislumbrar contigo o mar, naquele mesmo dia em que não o queria ver com mais ninguém senão contigo. Passaram-se então dias imensos, em que o mar, esse, não deixava nunca de acalentar a vontade inconstante de te tornar só minha, no gesto mais egoísta que até então alguém poderia tolerar.
Partindo rumo à desmesurada inconstância tão pouco constante daquele vento que agora nada mais faz senão empurrar as ondas em direcção ao longe, e que por assim ser nunca chegou a estar tão perto, do que sempre sonhei tão próximo de nós.
Agora de costas voltadas para o sol, aquele mesmo que nos jurou tão juntos e nos marcou de tão longe, aquele mesmo que agora nos ilumina, separados que agora estamos em caminhos alados do teu próprio pensar.
Ainda hoje te leio, embora sem aquela saudade de paixão ardente, na calma da maresia que me aconchega a memória, á frente das mesmas ondas que um dia te trouxeram, e noutro te levaram, para bem longe das minhas letras, essas mesmas, que também já foram tuas.

terça-feira, agosto 01, 2006

A carta nunca enviada...

Sem escolher as mesmas palavras que agora te ofereço, seria então incapaz de te negar o passado da forma como julgámos nunca mais o viver a não ser como só nós julgámos vê-lo no nosso futuro, mesmo que na sobriedade de um dia de paisagens nítidas tivéssemos prometido, um amor de sabor sem fim, e assim o escrevemos, em papel de um doce ardor de uma distância que nos ia tornar tão somente amados.
Aprendi contigo que nada mais seria o mesmo, sem que acreditasse no primeiro e único amor que se vive na verdadeira vontade de conjugar dois corpos e desfalecer sem que nada mais conte, senão a volta do sonho que começado por nós, jamais terminaria longe do que sempre contámos viver, juntos e não à sombra de medos inconstantes que nos fizeram sempre mais fortes.
Enganei-me com as dúvidas que te entristeceram um dia, e só tu me fizeste cambalear pelas ruas não menos cambaleantes de pensamentos fortuitos de quem te julgou sempre longe, sem pensar nunca, que não deixarias de estar tão perto como no dia em que questionámos tudo o que nos quis deixar a sós, naquela mesma praia, com aquele mesmo mar, mas com as ondas de um sol bem diferente que nos fez perder nos braços de uma doce loucura, sem que o tempo fizesse de nós escravos, como nunca quisemos que assim fosse, e assim foi.
Trouxemos até nós a mais doce das saudades, quando naquele gesto mais insuspeito, desviámos o olhar, do que não quisemos admitir como sendo certo e por isso estás tão perto de mim, se calhar como nunca conseguiste estar, sem que o saibas, sem que o penses, sem que eu te o diga como certo, mas que o sentes quando para ti olho e sorrio com aquele brilho que só tu consegues tornar mágico num olhar sem magia alguma.
Adormecer sem que note a ausência do teu suspiro tão quente, quanto quentes foram as horas que me deixaste viver em ti, e tão frias aquelas que suspirava na longínqua viagem que caminhava sozinho, num qualquer trilho, o qual me tinhas ensinado o caminho de ida, mas que te esqueceras de me trazer de volta, e por lá ficaria, a meio caminho entre o sonho, e a incerteza ao sonhar que um dia voltaria a estar contigo, nos mesmo braços que um dia já me adormeceram nas promessas de um amor eterno.
Sem esperar, dou tempo ao teu tempo…

segunda-feira, julho 17, 2006

Um dia...

Com a maior das incertezas, esse mesmo caminho que fizemos um dia sem questionar nada nem ninguém, que nos cruzámos como noite e dia, na mais improvável de todas as narrativas escritas a lume brando, em que acabaríamos por nos julgar não mais que uma folha rasgada, que de tão incerta ser, não deixará nunca transparecer o que na verdade se desgosta.
Se a nudez nos tornou tão próximos de uma desmesurada distância nunca quebrada por tal sentido, esse sim sem sentido algum, revemo-nos sem futuro mas com vontade de nada mais ser como antes nada seria.
Assim, não mais que um ternos adeus de quem partiu, e sem palavras deixou de escrever e por si, já não escreve mais.
Nunca corri senão em dias em que o tempo parava junto de nós, daí rumava ao corropio de uma incerteza, que nunca fora mais do que uma viagem por mim começada e por ti determinada, o fim dessa história que nunca chegou a ter um fim, e que assim foi, que tu deixaste acabar um dia, sem suor, mas com as minhas lágrimas.

terça-feira, julho 04, 2006

Acreditar...

Quero-me sentar neste escuro intenso, e deixar que as transparências me iludam de que os actos nada mais são do que um reflexo tão pouco cruel de palavras não escritas mas descritas, por mais ninguém senão por mim, num eterno gesto egoísta que faz de quem estremece, não o dono, mas o autor de malogradas consequências que nem eu espero alguma vez questionar.
É parte de mim que se esconde de um dia tão teu e tão pouco nosso, quando te vi e te julguei, seres mais que tudo e não mais que uma parte quem compõe o todo de um sonho por ti transcrito, numa névoa vespertina, nunca fria, sempre acolhedora como o abraço que nos ajudou a dizer adeus.
Perguntas para quê? quando a altura é de respostas e pelos actos tão pouco libertadores do sentir, e amargas horas de descanso perdido. Voltas se darão em torno de causas, quando nos interessa é voltar a sonhar e estarmos juntos de novo, num qualquer minuto de um futuro tão extenso, como o sentimento que nos transportou para a mais longa história de uma paixão acesa por um lume que o vento soprou forte, e que resiste no estóicismo de uma vontade que longe estará do fim.
Que fazer quando nem em nós não acreditamos...

domingo, julho 02, 2006

Por aí...

Quando se procura encontrar um caminho, somente aquele nos leva até nós, fazemos do nosso caminhar, algo subtil que não deixe marcas nossas na areia, passos esses que esperámos nunca dar, até os darmos e por aí traçarmos o caminho de alguém, que juntamente connosco espera não vir a sofrer por palavras sentidas, como outrora julguei.
Vivemos descansados de tudo o resto que nos aflige, quando julgamos estar sós e assim querendo estar, sem que nos deixemos levar por maresias erradas, de brisas escaldantes em dias, não menos quentes do que as noites que ferveram em nós e nos tornaram somente sós de nós mesmos.
Sem planos e sem regras, acordamos junto a um nascer do sol que julgámos estar bem longe, ou pelo menos não tão perto de alguém, que nos aparece como chuva em tempestuosos dias de inverno, e insiste em ficar, como aquela quente noite de verão, que um dia nos despertou para um amanhecer, para ainda hoje não mais esquecer, e assim é...

sábado, junho 24, 2006

A noite que se fez dia...

Viajei durante poucas horas por pecaminosos caminhos em que me dei a conhecer, com uma enorme sede de desejo de poder parar o tempo, e nunca o desejei assim tanto, senão ali, senão contigo.
Inventava, agora, qualquer razão que atentasse ao verdadeiro motivo que é nunca deixar cair um véu amargo e triste sobre uma história que nasceu da noite e acabou por não se deixar adormecer já de dia. Ainda agora me faz acordar com um sorriso insuspeito pois sempre me recordo do adeus, e daquela mesma noite escura em que mais ninguém existiu e de mãos dadas fugimos em direcção ao nada, que passou rapidamente a ser o nosso tudo, e a ser não mais que uma verdadeira razão que é vermo-nos e sentir, e sentir mais, e não menos, sem com isso nos vermos, mas sempre resistentes à vontade que nos acossa, nos aproxima.
Não inventei palavra alguma quando julguei estar mais perto de um sonho escrito por ti, que de uma qualquer curta-metragem feita de sobressaltos constantes entre o deve e o haver, entre o que se é e o que não escondemos, quando apenas se procurou não nos despirmos de nós, querendo sempre que tudo seja tão puro como assim começou, dando então a razão ao tempo, que nos julgue, pois se nos deu a oportunidade de ver a lua, e o sol em breves segundos, também me irá fazer acreditar que, da mesma forma como consegues colorir com o teu sorriso quem te ouve, também consegues pintar o sonho, que eu te posso desenhar por palavras e só tu preencheres de cores garridas, não tão discretas, quanto a essência terna das carícias sentidas, que só deixariam de ser únicas perante a voz, as palavras,e os lábios, de quem apareceu sem forma, e apaixonou como mulher... Viajei durante poucas horas contigo...

segunda-feira, maio 29, 2006

Até já...

Não é importante ser-se importante para alguém, quando para o ser, não se julgaria mais, senão uma luta desigual entre o que se vale e o que se quer valer, entre muitos, em que só ganha quem nunca perdeu a verdadeira vontade de se tornar mais e não menos, melhor entre tantos e não somente entre alguns. Já não custa virar as páginas do tempo, as mesmas que outrora rasgavam as vidas itenerantes, sem mácula, mas com fé, na mudança e na vida de quem nunca deixou de o ser, e só por isso, nunca será de quem se quis usar dela. Pensamos em tudo, e no nada que depois de ter sido mais, nada é, senão o menos de tudo o que nos aproximou demais e nos afastou tão cedo de histórias que julgámos escritas tarde demais para que pudessemos sequer pensar nelas. Assim foi, mais um pouco de nós que se perdeu num imenso vazio, preenchido com aquele pouco de nada, e tanto de saudade que nunca nos quis deixar sós. Gostava de tornar meus, os teus sonhos, descrever-te o que vejo da forma como sinto o que para ti nada mais foi que igual e tão somente diferente das palavras que de tão vulgares serem se tornaram no Aquiles, e não na Vénus, que auguras no teu olhar. É bom quando me escreves, quando te ouço, e fazes do teu silêncio uma forma de me agarrares um pouco mais ao que julguei nunca ter perdido. Não esqueço as feições, não esqueço o olhar, e todo o prazer que fizeste questão de esculpir naquelas mesmas noites que de tão frias serem nos tornaram únicos. Viagens que traçámos, destinos que se cruzam na saudade, e tudo isso que nos faz estar tão perto. Até já...

segunda-feira, maio 22, 2006

Assim...

Falo-te do sorriso, dos lábios, dos mesmos que te fazem seres tu, sem que abuses ao sê-lo, sem que o deixes de ser um minuto sequer quando suprimes palavras e usas toda a tua energia num pouco de ti, que sem saberes, o usas tão bem.
És transparente, da nitidez desses olhos nasce a maior das verdades quando a tristeza te serena o sorriso, e em forma de um pouco de ti, deixas que um pouco de mim, leve tanto de alguém, que nunca julguei escrever nua senão nestas palavras que escrevo sem censura mas com pudor. Não que seja capaz de desenhar o teu corpo em linhas ténues de uma visão nunca atroz, sempre épica de quem suprime a inspiração de uma musa, de quem volta a não saber como escrever alguém que nunca deixou de brilhar nesta noite de estrelas fugidias, mas nem por isso de uma claridade sentida, por quem te olha e quem não te sente.
És especial, não por te ver como te vejo mas por tu veres como tudo vês, não és bela aos olhos de alguém, os teus olhos é que fazem tudo tão belo, que de tão bela seres, te confundes no que tu nunca julgaste mais belo, mas que sim, assim o és... bela.

domingo, maio 21, 2006

Só...

Tão só, o mais possível só, e nem por isso com uma vontade de me tornar mais só, nem menos só, do que já me tornei. É bom estar sozinho quando tudo o resto que vemos não é mais do que uma ilusão, que em forma de noite, por lá se passeia, não menos do que uma fracção dessa mesma noite, que vestida de um manto negro, nada de novo traz senão a escuridão. São longas histórias, estas, de estórias mal escritas mas nem por isso bem dormidas.
Sentindo que ser ignorado não é menos que ser visto e olhado, e não sentido, e pouco mais que reconhecido e esquecido, é tudo uma forma de ver quem se quer ver, como espectador, tão espectante que não dói, apenas mói.
Mais que cansaço, é um óbice em forma de uma ignorância tão aparente que de tão transparente ser se confunde com a mórbida inocência de quem um dia se quis passar por melhor, por diferente. Quando tudo o que nos oprime, nos ilude, e que tudo deve ser diferente num espaço de tempo tão curto, que de tão pequeno ser, acabará por não se ver, sequer existir.
Porque não voltar as costas a um passado recente de formas tão geométricas, o mais possível esquecidas, tardiamente lembradas, que apenas ganham formas em pequenos pedaços de sonho que julgo lembrar em noites volvidas, mais uma vez bem dormidas e só por isso, menos bem escritas.
Melhor do que estar perto, quando mau é estar longe, é estar longe de quem nunca nos quis ter assim tão perto...

Tu(...)

Surpreendes, vestes o teu melhor sorriso na certeza que levarás a melhor numa conversa sem tema, num tempo sem fim, mas contado ao segundo. És tu quem mais brilha, quem desfaz as palavras turvas e as torna doces momentos, que facilmente se escondem em respostas sem tempo, sem espaço. Teoremas dificeis em forma de poemas fantásticos desenhados num movimento perpétuo que só tu sabes construir em torno dos teus gestos, transpirando a sensualidade de uma inocência tão pouco contada, mas tão admirada, pois ninguém te vê como eu te vejo.
Espero que ninguém roube esse teu sorriso, que não sendo tudo, é um pouco mais que um nada, que os teus lábios não sendo por si só um todo, apenas são uma pequena parte de ti - a que deslumbra.
Nem as palavras te deixam em paz, quando paz é tudo, menos aquilo que esperas ter de quem te escreve, de quem te lê, mas que não te sussura, pois cada ponto, cada vírgula, cada aroma das palavras que te pintam enquanto mulher, é apenas mais uma tela que tu acabarás por assinar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Não partas...

Não partas, não me obrigues a escrever com estas mesmas palavras uma qualquer sonata que se despede de ti, como a chuva de um inverno triste. Não apagues o que de melhor deixo, senão numa qualquer saudade sentida por quem te viu, e quem te vê. Deixa-me ficar mais um pouco, olhar para ti mais um pouco, tentar tocar-te um pouco mais, com os mesmos olhos que um dia fizeste brilhar, sem o saber.
É por ti que partes, é contigo que trazes aquela mesma alegria que vi nascer um dia, em alguém tão próximo, mas ao mesmo tempo tão longe.
Deixa-te estar mais uns minutos com a certeza que farei brilhar mais os teus olhos, não por lágrimas de um adeus, mas por sentidos sem sentido algum. Se queres ser livre, liberta-te do desejo que é sê-lo, para que aí sim, possas partir sem olhar para trás e deixares um pouco de ti, assim como eu deixo um pouco de mim, em ti..
Não consigo virar as páginas desta história sem pensar que o adeus possa ser o fim daquilo que ainda escrevo sem olhar as horas que me atormentam. Tento desenhar com palavras, o mesmo que um dia sonhei poder conquistar com o coração. Não consigo deixar de iludir o tempo e essa tua razão. Os mesmos que um dia te levarão para longe, os mesmos que te fazem pensar em partir... é triste poder estar triste com o início que nunca o foi, para passar a ser um fim...

terça-feira, maio 16, 2006

Paixão...

Foi nessa noite, em que nos tornámos iguais que desenhámos a nossa história, em gestos tão suspeitos como a noite que nos acalentava o momento que fez de nós os donos de um mundo tão nosso. Deixámos de existir ali, para passar a viver bem longe de tudo o resto que nos fazia estar perto. Os teus olhos que adormeciam ao doce toque de versos sem sentido algum, denunciavam a ternura dos teus suspiros que assinavam cada gesto e nos faziam tão próximos de um sonho tão imaturo, mas tão terno. Foram momentos de analepses construídas em pormenores descritos pelos teus lábios cuja doçura recuso um dia sequer vir a esquecer. Passaria tempos sem que me falasses das forças que perdias, e outras que ganhavas, em alturas que era bom demais passar os nossos segundos e vivê-los como os nossos eternos minutos. Tudo isto em segredo, em noites passadas sem rumo, comandados pela distracção do tempo que nunca nos julgou senão quando tudo terminava, deixando somente a saudade, e a vontade de não mais partir.

segunda-feira, maio 15, 2006

Narrativa...


ACTO I

«Foi impossível olhar para ti como uma outra qualquer, como alguém que se despiu de dizeres de preconceito e acabou na singela vulgaridade de quem por uma só vez se tornou única. Já nem a tua voz, melodiosa de tempos lembrados na minha memória me acalmam a negra vontade de estar distante de quem outrora, em falsas imagens, me quis tão bem.
Afogo por isso as saudades sentidas, numa vulgar folha de papel, que de tão branca ser, nos deixa suspensos num firmamento de histórias e nos obriga a estar tão somente sós, mas tão bem. Olhamos e nada temos a dizer, apenas queremos esquecer o impossível.
Quando uma hora te esqueces e dizes que te despi no teu sonho com as mesmas palavras que errei em escrever, apenas fazes disso uma razão para a futilidade de um ser que nem pensava existir e que se escondeu quando por ele perguntei um dia.
És um ser igual a tantos outros, não te julgo por isso diferente, nada mais que uma ilusão que um dia fez de ti a maior das desilusões para quem te olhou e te quis, não mais do que nada.
Não sei se este frio me fez perder um pouco de mim, em ti...»

ACTOII

«Vi em ti a maior das alegrias em forma de pessoa, dei um pouco de mim, a ti, que me escreveste a mais bela das mulheres em forma de poesia. Traíste a vontade que fez de uma única palavra um grande preconceito não em número, mas em género. Separaste o bom, do mau, e não consegui dar-te mais do que um parco sorriso escondido por detrás de quem sofreu quando teve o sublime, o óptimo. Vivias num engano de quem um dia me fez amar sem loucura. A culpa, essa, é de quem me julgou como tu o fazes, não deixo por isso de vender um pouco da minha alma a quem a queira usar. Não procuro palavras, prefiro descansar na eterna solidão que foi sonhar contigo um dia. »

sábado, maio 06, 2006

Zero ( 5.17 am)

Sinto que já não pertenço a lugar algum, estou um pouco à deriva entre o vasto oceano de ideias e a solidez da racionalidade que o desperta. Não serão por isso infinitas as tão pouco polidas lembranças de um passado, que julgo tão vivido de nada, e que sempre assim terá sido, não mais do que um preenchimento vazio de soluções, para aquela que seria a maior das equações e o resultado, esse, o mais humilde de todos os algarismos: o zero. É então um número que por si só não tem valor algum, mas que, quando colocado à direita de um algarismo significativo, aumenta dez vezes o seu valor. E seria então isso mesmo, tal como os números, as pessoas, e a vida, e essa... não passaria a ser mais do que um qualquer ponto numa escala, de que se parte para uma contagem de valores positivos ou negativos, aqueles mesmos que nos fazem sentir tão bem, ou tão mal, nos dias que passamos ocupados a viver... seremos um zero quando sós, eis a dúvida.

domingo, abril 23, 2006

Dorme bem...

Não preciso que acordes para que sinta o teu olhar de feição poente, bem para além do que insisto em lembrar em dias de um azedume ferido e tão intensamente teu, mas nem por isso esquecido por quem te vislumbra e te admira.
Podes-te deitar que não fecho os olhos tão cedo, sem antes advinhar, quais as palavras que melhor descrevem o teu corpo que em serena simpatia se deixa deslizar na ingenuidade de um sonho para o qual não encontrei ainda a saída, e que anseio que os teus lábios taciturnos me o revelem, sempre em segredo, sempre lembrados.
Posso estar longe do leito que te envolve, mas as minhas palavras nunca deixarão de te velar na noite que nos aproxima.

quinta-feira, abril 13, 2006

Porque não...

(...)E sem que um beijo calasse o adeus, foram-se pintando imagens de uma tristeza tão negra quanto distante, no pensamento de quem um dia nunca se julgou só, mas que assim calou, por ser como eu sempre fui, e não mais do que isso, uma triste imitação de uma não menos triste actuação, no palco da tua vida, que abandonei sem público, mas com história...
Desligam-se as luzes do presente e resta-nos a memória que nos vai iluminando com as recordações de um passado, que outrora já foi presente... e de tão belo ser, me faz ansiar o futuro... assim será, sem legendas, mais um acto, mais um capítulo, a mesma peça, a mesma história, porque não um final igualmente feliz? Até esse dia chegar, vou escrevendo no plural, um sentimento tão singular.
Aguardo, escrevendo...

domingo, março 19, 2006

(...)

...Choravas como ninguém, por esse teu rosto de sombras tão delicadas, corriam as não menos delicadas lágrimas que de tão doces serem, adoçavam ainda mais os teus lábios, que por tão doce saberem, invejavam quem os beijava. Não acreditavas em romances até teres vivido um, julgados todos pelo mesmo não deixavas nunca de acreditar no amor. Não serias mais do que a fonte de um desejo, e essas lágrimas que outrora falava, não seriam mais do que um espelho que almejava uma qualquer alma em desassossego mas nem por isso só... quanto menos escrevesse mais acreditava em tudo aquilo que a linguagem não permitia ousar. Mas nem a ousadia te fazia deprezar as letras e por aí nos fomos degladiando, até à récita final, em que eu escrevia e tu coravas, em que eu lia e tu sorrias, e foi numa qualquer frase desenhada sem pudor que ficámos abraçados a um passado que não mais nos largou no presente. E por aí vamos pernoitando, sem regras e sem limites, só mesmo a saudade nos faz sentir tão vivos...

Desafios

(...) Por fim, acho que não saberei nunca falar de amor nas palavras que escrevo, apenas ignoro o que odeio e sei que não odeio quem ama e quem se ama. Desvalorizo a importância de tudo o que tem forma, prefiro procurar outra riqueza, em algo que desconheço qualquer valor, podendo assim alimentar mais um pouco a ignorância que faz de mim um desconhecido e me acompanha em cada passo em falso que dou.
Quero acreditar em tudo aquilo que outrora fazia correr a tinta em papiros toscos sedentos de um amor trágico, ou de um romance de felicidade impossível, mas que nem por isso culminaria com finais tristemente choráveis. Viveremos por isso, sempre longe de alcançar a perfeição de algo que nunca até ora definimos como certo mas que cedo nos apaixonou e nos desafiou em cada momento que passou diante nós, a encontrarmos a sua razão, a sua verdade e a fazer disso a nossa história.
Podemos viver a vida sem que para isso tenhamos que amar alguém, mas sabendo que todos nós amamos pelo menos uma vez na vida, só amando podemos pensar em viver sonhando, porque não fazer da vida um sonho... um desafio.

domingo, março 12, 2006

Mais...

Apelando a uma inquietude de um silêncio, tão pouco atroz, mas de formas sedutoras e inconstantes, deixamo-nos levar uma vez mais pelo silêncio que nos torna homens sós, e nem por isso seres pensantes.
Balbuciamos em noites desprovidas de um qualquer sentido, numa procura tão intensa quanto o mais possível vivida, uma resposta em sentido tão lato quanto possível, de algo mais, que de impreciso pouco tem, mas que diante de uma precisão que o caracteriza, não deixa de ser precisamente vago. Joga-se a fuga de tudo o resto e aguarda-se a vitória em maleitas tão pouco nobres mas de resto tão valiosas, para quem faz desta vida, uma vida única. Ouvimos falar e nem ligamos ao pouco que nos dizem, alheados de uma forma tão terna quanto o nosso pensar nos permite, ao despedirmo-nos da eterna constância, que é no fundo o que nos faz viver.
Nada iguais, não deixamos os limites serem reflexo do que somos incapazes de fazer, mas do que nos propomos lutar por mudar.
Filosofia de vidas transversais, em dias de uma tempestuosa verticalidade...

quarta-feira, março 08, 2006

Boa noite...

Aquela luz no fundo da sala convida-me a escrever até mais não, não me deixa parar de sentir e vicia-me os gestos que deixaram de ser meus para se tornarem medida de algo mais, que de forma momentânea e insane garantia ser inerte e sem vida. É daqueles momentos tão estranhos quanto transparentes, algo que me inspira e me recuso a esquecer, a apagar essa mesma fonte de todos os porquês e poder entregar-me nas mãos de um sono que tende em não me deixar irrequieto e faz de mim um ser moldável a um qualquer susto que pode num qualquer segundo me atormentar os sentidos já por si, adormecidos. Sem que perca as forças, recolher-me-ei junto da justa vontade que a sonolência acena á minha visão já turva e neblosa, lá bem ao fundo, aquela luz no fundo da sala, que me convidava a escrever até mais não, apaga-se docemente numa sala cheia de nada...

Insónias...

Crescemos a ouvir as mesmas palavras, que outrora foram de outra gente, e por muito sábias que sejam nunca chegam a ser verdadeiramente de quem as diz, mas sim de quem por ora as sentiu como ninguém.
Falamos pela eterna sede de quem fala por falar e não fala por sentir, por se angustiar e se torcer cada sílaba que se repete de uma forma tão única quanto esse timbre e essa voz, conseguem ser. Vamos despertando os mesmos sentidos que nunca escondemos ousar, aqueles que não nos deixam descansar numa vida que também não queremos que seja de paz, mas sim de terna lucidez enibriada por um qualquer perfume que nos apaixonou pelo menos uma vez, num qualquer segundo, num qualquer lugar. Associamos as pessoas a lugares tão pouco comuns, como aqueles que realmente nos marcaram como sendo unicamente nossos e não de alguém, de um desconhecido que não teria a cruel coragem de nos roubar um minuto sequer de um egoísmo que por assim ser, é só nosso. Assim voltamos as costas num sentido errado da nossa vida, naquele momento em que conduzimos o sonho de uma vida e que nos faz andar perdidos, ao sabor de uma qualquer brisa que não nos deixa viajar por milhas, mas também não nos deixa pousar em sitio algum.
Histórias mal contadas que passamos uma vida inteira a viver...

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Iguais...

Tudo o que nos envolve e nos comove, faz de nós homens de fraquezas sublimes e de suplícios constantes perante aqueles que sempre nos acharam donos de uma força bestial. Mais do que mostrar, é não conseguir esconder a verdadeira razão de nos julgarmos iguais a tantos outros mas nem por isso despidos de um qualquer sentimento que nos fazem sentir diferentes no meio de gente tão igual. Encaramos a banalidade, como um ofício que deixamos a quem se detém com a simplicidade de um tempo que nunca ousou questionar. Se revolvermos o passado, logo encontramos sinais de uma fragilidade que nos incomoda e nem por isso desistimos de ser quem somos, mas sempre com aquele medo que nos ampara quando queremos começar algo e mais que tudo, acreditamos nesse início. Recusamos encontros iguais prevendo a imprevisibilidade desse momento que nos ficará sempre como mais um, mas sempre seduzidos pelo mistério que nos ilude e nos comanda o sonho que desejamos ser real. De que nos vale então iludir o tempo que nos persegue como uma sombra sem rumo, no encalço de um homem novo, senão aguardar pelos minutos seguintes e tão céleres esses segundos que transformarão quem não se transfigura em tempo algum. Aguardamos...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Somos seres diferentes no início de um novo dia..

Todos nós somos escravos do que escrevemos, do que acreditamos, e nunca seremos seres suficientemente sérios para o admitir. Vivemos as histórias que nós próprios inventamos sem que para isso deixemos de ser quem somos. Fugimos do que a matina nos oferece, para cobardemente nos refugiarmos na noite que tanto nos ofusca e nos ilude. Oprimidos pelas mesmas letras que nos dão forma, sacrificamos paixões em nome de nada que para nós significará sempre tudo, sempre mais. Fazemos valer a nossa própria vontade nas linhas que nos perseguem em cada esquina que dobramos, voltamos sempre atrás e criticamos os mais audazes, mas não os mais capazes. Elogiamos a forma de estar de quem está bem, gostamos de sentir o aroma de uma paixão que nos desperta para o perigo de uma descoberta que nos fará crescer mais um pouco e voltarmos a ser, quem na verdade desejámos nunca deixar de ser. Recordamos como ninguém os melhores momentos, e despertamos a intensidade de um ouvinte que nos apraz olhar, como quem bebe de uma fonte sequiosa e se envolve por breves momentos numa história que não é a dele. Desafiamos os nossos pares para conversas banais e damos o nosso melhor numa prosa que nunca trará nada de novo para quem ouvir significa ser velho. Fazemos de breves minutos de prazer horas infinitamente recordadas até ao fim dos nossos dias, sem que deixemos de ser fiéis a quem nos julgou desde o primeiro minuto sermos a solução para algo que nunca chegámos a descobrir o quê. Gostamos de nos sentir desejados mas nunca dependentes de alguém que nos desenha como uma chave para todo o mistério de uma vida que nunca quisémos que fosse nossa. Saudamos o tempo que nos ensinou a ser livres de nós mesmos, resistindo sempre ao nosso fracasso. Somos seres diferentes no início de um novo dia..

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Diferenças...

A noite que nos aproxima, é a mesma noite que nos separa. Nunca temos a certeza se reconhecemos quem uma vez vimos, e se conhecemos realmente quem sempre julgámos conhecer. O mistério que outrora tomou conta dos minutos preenchidos da sedução de todos os segundos passados, acabou na mesma senda de desilusão e de um tempo cheio de nada. A ilusão sobrevive na mente de quem nunca esperou desiludir, mas que o faz sem qualquer pudor. Uma verdade que é, cada vez mais conveniente para tantos e incómoda para tão poucos...

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Dias passados...

Somos seres de uma ambição inqualificável, que nos faz transpor barreiras até então instransponíveis, mesmo sabendo o que nos espera do lado de lá, aquele momento único que nos faz sentir mestres, reis e senhores de nós mesmos. Tudo isto ao transgredir, ao abusar, ao tornar nossa uma culpa que nos faz sentir responsáveis dos actos que proferimos.
O risco então compensa quando nada mais interessa, numa luta tão intensa, como desigual, tão pouco estóica e menos ainda verdadeira, mas estamos lá e lutamos até a um fim, que até então ignorávamos. Num 'vale tudo' despeitado de qualquer lei, de qualquer regra que se possa quebrar para inocentemente terminar algo que até então nunca deveria ter começado. São usadas as tácticas mais afoitas e por isso as mais ousadas, tudo vale num jogo em que tudo se ganha ou tudo se perde, e vamos então arriscando, de batalha em batalha até conseguir um aliado que nos convença do contrário.
Vivemos cada dia convencidos de que somos capazes de fazer melhor do que no dia que passou, e que o nosso pior está longe de ser o melhor de outros tantos dias passados.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Compêndio de magia...

...Serões mágicos de uma leveza que transborda uma qualquer folha de papel e acaba nas doces memórias de quem um dia não desistiu de sonhar, momentos esses que se guardam e mais se esperam repetir, no virar de uma página só, mas de uma grande saudade, do que é sentir como se sentiu, algures em minutos passados no segredo de uma ilusão por nós criada. É então sonhar com a magia que brota de uma memória desigual e distante de tantas outras, que em forma de uma súbtil agrura, fulminam pensamentos sóbrios, que nos fazem recordar.
É exorcizar quem nós julgámos finalmente apagado das linhas da nossa vida. Sentimentos ressuscitados, que têm tanto de falso, como de uma negra utopia, que não passa disso mesmo, de uma razão, que por não a ter, não tem verdade alguma nas letras que a descrevem.
Mágicos são então aqueles bons momentos que passamos a recordar sem auxílio de um qualquer compêndio que nos faça compreender os tempos passados, os gestos vividos...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

"Nem por gestos, nem por palavras..."

Quando preenchemos a nossa vida de momentos de uma agrura sentida, que nos fazem arrepender dos segundos vividos e de palavras lançadas em cima da mesa de um jogo que resolvemos abandonar, sair sem perder nem ganhar, construímos com isso uma ideia de erro que nos acompanhará nos instantes seguintes de uma vida que tendemos a levar em diante sem sequer olhar para trás. Vive-se e morre-se assim, sobrevivem uns, desistem outros, mas haverá sempre aquela palavra mais melodiosa, aquele gesto mais insuspeito que nos fará recordar e viver de novo aquele momento. Somos certamente traídos pela mesma memória que nos atraiçoou em tempos passados, mas que nos fazem sentir vivos e autores das mais belas histórias de amor. Se para uns o sentimento é mágico, para outros não passa de uma ilusão que tende em não se tornar real, nem por gestos, nem por palavras...
Assim se vive, na incerteza de uma definição que muitos levam uma vida inteira a descobrir.

terça-feira, janeiro 31, 2006

As palavras e os actos...

Somos traídos, hoje, pelo mesmo olhar que sempre nos impediu de ver mais longe, de ver para além daquilo que julgámos nunca presente e sempre ausente de uma vida que pensámos nossa, mas que partilhámos sempre com alguém. Até as palavras soam falsas, quando dilaceradas pela mesma voz que um dia teve a certeza do que seria um futuro tão próximo de um adeus tão previsível e de um sentimento que continuaria a ensombrar a despedida tardia de quem sentia e não partia. Mesmo naqueles momentos que outros julgaram de uma ardente paixão, nada destronaria um desejo que haveria de continuar incólume lá bem no topo de um horizonte que nunca chegou a existir. De tão fácil serem essas palavras, nunca chegam a ser mágicas, se não forem verdadeiramente nossas. Mesmo assim, insiste-se na leviandade daqueles mesmos gestos que não permitem por si só, chamar a si um perfeito acto de amor, quando esse amor não passou de um frágil devaneio de uma alma que por uma só vez se julgou só... As palavras e os actos...

sábado, janeiro 28, 2006

"A soma da (TUA) diferença"

Damos total liberdade ao sexto sentido, tão falado e deveras inexistente em tantos e proeminente em alguns. Conquistamos um pouco de alguém para nesse mesmo segundo perdermos um pouco de nós, numa réstia de tempo em que somos donos de uma dúzia de palavras que nós próprios decidimos convir, perante o que para nós, é belo. Rendemo-nos ás evidências de quem de uma forma ou outra, terá querido furtar em nome de uma causa que todos nós julgamos honrosa, sem que tivéssemos tentado sequer, abrir um pouco do nosso eu, para quem desde sempre quis conhecer a nossa verdadeira essência. De resto, estaremos a construír uma ilusão, que de tão neblosa ser, só o tempo perdoará, ou até questionará.
Não sendo fútil agarrarmo-nos ao sentimento de outrém, é de certa forma correcto fazê-lo por actos e não por qualquer omissão das palavras escolhidas e que tornámos nossas.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Palavras

Ser narrador de uma história que não escrevi, é quase tão dificil, como desenhar a face desdenhosa de quem traiu a saudade em função de uma fútil vontade e de um prazer momentâneo, que é no fim de contas amar, quem nunca se julgou amado.
De livro aberto recitamos frases, que não sendo nossas, as adoptamos como tais, e vivemo-las com o mesmo fervor de quem as chorou, as escreveu e as viveu. Usamos as letras em função do que sentimos sem nunca pensar que plagiamos um sentimento que nunca foi verdadeiramente nosso para que o possamos, como outros, realmente dar alma ao que se escreve. Afinal, nunca se tratou de preencher com cores garridas palavras de um só sentido, pois sempre caminhámos em direcção a uma ilusão que certamente construímos sem nunca nos julgarmos absurdos ao fazê-lo.Deixamos então de julgar a vontade de uma sapiência que nos desgasta, para embarcarmos numa viagem que outros arriscaram por nós e assim, um caminho ao qual nos rendemos desde cedo, já descoberto e tão mais fácil.
É bom sentir cada palavra que escrevemos, sem o medo de errar no caminho que tomamos para a escrever...

domingo, janeiro 15, 2006

(sem título)

Continuo a tergiversar quando me perguntam por mim mesmo e alego não existir mais. Percorrer as páginas daqueles livros que tanto têm de enfadonho como de cruéis devoradores de tempo tão oportuno, é como preencher de espaços vazios um deserto povoado de nada. É por isso que não deixo de crer que já nem o descanso por ora, descansa os sentidos perdidos num tempo qualquer diante de coisa alguma. Valemos então pelo que nos dizem valer, no preciso momento em que decidimos tornar a uma história que deixámos por escrever e cuidamos em dar-lhe vida. Voltamos ao que sempre menosprezámos e como um qualquer títere puxamos os seus barbantes na tímida tentativa de fazer viver o que se abandonou sem mágoa e sem saudade. Conscientes, que todo esse egoísmo que nos acalenta a sede de tornar a viver o passado, por si só derruba as fronteiras do absurdo e irrompe em caminhos cuidados da vida de alguém. Mas, deixar de viver de erros, para que esses mesmos erros o deixem de ser como desde sempre os vimos, pressupõe voltar atrás e desdobrar as folhas do passado, e é tão mais fácil fazê-lo no séquito de alguém...

sábado, janeiro 14, 2006

Acordar...

Alvorecer iluminado pela mesma luz que nos acompanhou até ao derradeiro momento em que decidimos fechar os olhos e entregarmo-nos nas mãos de um sono tantas vezes repetido, mas tão sedutor, é por vezes tão cruel como saber que fazemos parte da panóplia de medos de alguém, e que a solução para esses mesmos medos deixarão de existir no preciso momento em que decidirmos abrir os olhos que fechámos ao adormecer.
Acordamos sem sentido e mais uma vez sem rumo, seguimos em direcção ao nada e por lá ficamos a vaguear longos instantes, como um qualquer barco que navega até porto incerto e vai pernoitando em mar aberto. Somos eternos conquistadores de horizontes que uma vez sonhámos nossos e fazemos disso a nossa utopia, em que nos fazemos de cegos, surdos e mudos na procura de algo que só nós sabemos que nunca existiu mas que é tão importante para nós.
Essa viagem decidimos fazê-la sozinhos, sem que haja medos nem tormentas que nos acossem a melodia que trauteamos em cada passo que damos.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

A não sei quem...

...Fiz de um pouco de papel uma recordação minha, que dei a alguém e não sei bem quem, nesse papel desenhei letras e pontuações e do pouco que me restava escrevi um poema para ti, não sei quem. Não sei de quem eram essas lágrimas que corriam de um rosto que provi nu com olhos igualmente nus, e continuo sem saber quem és, enquanto desdobras esse papel, na ansiedade que julguei não partilhar com mais ninguém, desembrulhaste um pco de mim, e o que seria de nós, sem ti. É de certo uma surpresa quando me refiro a ti, e sem mágoa alguma te revejo na distância de um mapa já gasto, e sei que nesta mesma mesa em forma de quadrado nunca conseguimos dizer um adeus e vender um pouco de nós, selando tamanha barbárie com um forte e solitário abraço. Só sei porém que os dias correm e da inércia fogem e que tu apanhaste a boleia de um desses mesmos dias em direcção a lugar nenhum sem olhar para trás com a altivez de uma decisão para a qual nem tu mesmo pensavas correcta. Viverás os dias com o peso de um adeus que não soubeste dizer, e com um passado que parece que tendes esquecer. Fazes de todas as coisas reais um jogo e sem sentimento algum tentas compreender que essas mesmas coisas, fazendo parte dos teus dias nunca foram diferentes umas das outras. Dás mais atenção ao que olhas do que ao que sentes, e fazes dos tais momentos sentimentos vulgares e iguais. Aguardo expectante o nosso encontro, para que juntos possamos definir a amizade...