Todos nós somos escravos do que escrevemos, do que acreditamos, e nunca seremos seres suficientemente sérios para o admitir. Vivemos as histórias que nós próprios inventamos sem que para isso deixemos de ser quem somos. Fugimos do que a matina nos oferece, para cobardemente nos refugiarmos na noite que tanto nos ofusca e nos ilude. Oprimidos pelas mesmas letras que nos dão forma, sacrificamos paixões em nome de nada que para nós significará sempre tudo, sempre mais. Fazemos valer a nossa própria vontade nas linhas que nos perseguem em cada esquina que dobramos, voltamos sempre atrás e criticamos os mais audazes, mas não os mais capazes. Elogiamos a forma de estar de quem está bem, gostamos de sentir o aroma de uma paixão que nos desperta para o perigo de uma descoberta que nos fará crescer mais um pouco e voltarmos a ser, quem na verdade desejámos nunca deixar de ser. Recordamos como ninguém os melhores momentos, e despertamos a intensidade de um ouvinte que nos apraz olhar, como quem bebe de uma fonte sequiosa e se envolve por breves momentos numa história que não é a dele. Desafiamos os nossos pares para conversas banais e damos o nosso melhor numa prosa que nunca trará nada de novo para quem ouvir significa ser velho. Fazemos de breves minutos de prazer horas infinitamente recordadas até ao fim dos nossos dias, sem que deixemos de ser fiéis a quem nos julgou desde o primeiro minuto sermos a solução para algo que nunca chegámos a descobrir o quê. Gostamos de nos sentir desejados mas nunca dependentes de alguém que nos desenha como uma chave para todo o mistério de uma vida que nunca quisémos que fosse nossa. Saudamos o tempo que nos ensinou a ser livres de nós mesmos, resistindo sempre ao nosso fracasso. Somos seres diferentes no início de um novo dia..
terça-feira, fevereiro 07, 2006
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