segunda-feira, maio 15, 2006

Narrativa...


ACTO I

«Foi impossível olhar para ti como uma outra qualquer, como alguém que se despiu de dizeres de preconceito e acabou na singela vulgaridade de quem por uma só vez se tornou única. Já nem a tua voz, melodiosa de tempos lembrados na minha memória me acalmam a negra vontade de estar distante de quem outrora, em falsas imagens, me quis tão bem.
Afogo por isso as saudades sentidas, numa vulgar folha de papel, que de tão branca ser, nos deixa suspensos num firmamento de histórias e nos obriga a estar tão somente sós, mas tão bem. Olhamos e nada temos a dizer, apenas queremos esquecer o impossível.
Quando uma hora te esqueces e dizes que te despi no teu sonho com as mesmas palavras que errei em escrever, apenas fazes disso uma razão para a futilidade de um ser que nem pensava existir e que se escondeu quando por ele perguntei um dia.
És um ser igual a tantos outros, não te julgo por isso diferente, nada mais que uma ilusão que um dia fez de ti a maior das desilusões para quem te olhou e te quis, não mais do que nada.
Não sei se este frio me fez perder um pouco de mim, em ti...»

ACTOII

«Vi em ti a maior das alegrias em forma de pessoa, dei um pouco de mim, a ti, que me escreveste a mais bela das mulheres em forma de poesia. Traíste a vontade que fez de uma única palavra um grande preconceito não em número, mas em género. Separaste o bom, do mau, e não consegui dar-te mais do que um parco sorriso escondido por detrás de quem sofreu quando teve o sublime, o óptimo. Vivias num engano de quem um dia me fez amar sem loucura. A culpa, essa, é de quem me julgou como tu o fazes, não deixo por isso de vender um pouco da minha alma a quem a queira usar. Não procuro palavras, prefiro descansar na eterna solidão que foi sonhar contigo um dia. »

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