sábado, novembro 12, 2005

Epílogo do adeus...

Somos eternos escravos das palavras que escrevemos, não somos por isso seres inteiros, somos pessoas de um só sentimento e de uma só conquista, somos fruto das situações que nós próprios criamos, que teimam em se transformar em derrotas mesmo quando sempre jurámos vitórias, e até nisso somos perseguidos pelo que escrevemos e pelo que desejamos. Somos frágeis no sentir mas fortes no agir, não pensamos sequer no que é dizer adeus a alguém e partir...
Dizer adeus não custa, o que custa é pensar em tudo aquilo que deixámos para trás. Só uma única palavra pode mudar a nossa vida e na mesma hora, a vida de alguém. Eu acredito que tudo isto será por si só de uma transparência amarga e de uma simplicidade obscura, mas então, acredito numa existência bipartida da palavra adeus, em que ao usá-la, mesmo antes de a definir já compreende uma separação física entre duas pessoas, acredito nisso. Acredito também que é uma palavra com mais significado do que aquele que lhe é atribuído naturalmente, é uma palavra que julgamos facilmente com uma força própria, que por si só, detém gestos, acções e sentimentos, é uma palavra que engloba em si, a distância e a ausência, é a prova mais precisa do início de uma saudade ou do fim de algo mais, é um vocábulo com vida própria e com a sua própria razão de existir, não precisa por isso mesmo, de uma qualquer outra conjugação para que tenha um significado maior do que aquele que lhe é incutido.
Então, o adeus é uma marca temporal, que nos ajuda a estabelecer um marco entre o passado e o presente, mas também entre a atitude certa e o primeiro passo para o arrependimento, mas esse se vier, virá mais tarde, naturalmente. Mas uma certeza tenho, que o tempo não volta para trás, e um adeus é sempre um adeus... desde que verdadeiro e sentido como saudade, como todos nós o desejamos sentir...

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