quarta-feira, dezembro 02, 2009

do livro da paixão

... as janelas e as portas fechadas de um segundo andar virado para o seu mundo, um banco de jardim prostrado e um hall de entrada distraído por essa loucura reminiscente de uma história apaixonante vivida a dois.
O escuro, as escadas, os beijos e os desejos e a vontade insensata de noites perfeitas e encontros secretos de uma paixão que queimava, que não esperava pela cama ou pelo sofá, que se consumava ao mesmo tempo que se consumiam como amantes de sempre, numa viagem que ficou para ontem...
... pediram-se desculpas e devolveu-se a cumplicidade a um silêncio que os fez perderem-se em si...

quinta-feira, novembro 19, 2009

um amor contrafeito...

... um amor ficcionado, maltratado pelas mesmas montras de modas passadas que num burburinho só, se preenchem de uma altura de sempre, de uma fuga e de um presente vazio.
Vendido por tantos, percebido por poucos, descrito como um pêndulo, entre um corcel puxado por vigorosas certezas de sentimentos desgovernados, numa estreita calçada que nos vai conduzindo a lado nenhum.
Acordam-se os dias, roubado ao sono esse descanso, corrompido que é, por esse amor beligerante.

terça-feira, novembro 10, 2009

um dia qualquer...

Um amor a três tempos e uma verdade desferida nessa pele queimada de um Verão que parece não ter terminado ainda.
Travam-se de razões, entre toques subtis e olhares indiscretos que os atiram para um mundo onde se despem e se amam, se conquistam e se perdem no dia em que a seguir, ele decide morrer.
Hoje, adormecem sós.

segunda-feira, novembro 09, 2009

o teu livro ...

Não deixas de ser quem és.
Encontras o amor.
Olhas, reconheces e exaltas-te no primeiro momento em que esse olhar nu te beija e te deita, te abraça e te aquece, numa memória que persiste de uma paixão que te queima.
Conheces bem a saudade, mas preferes a distância desse silêncio que tanto te faz sonhar.
Adormeces e descobres a dor de apenas te pertencer o passado, de não conseguires mudar o minuto que se segue a uma mensagem que não chega, ao telefone que não toca...
Os dias passam e ficas sem fôlego. Acabas por te perder em ti...
Recordas os beijos, as loucuras, o sexo, os desejos...
Decides viajar.
Descobres, já longe, que a verdade dessa paixão desapareceu na vertigem do adeus.

segunda-feira, outubro 19, 2009

ornato...

... já se caminha sobre as folhas caídas de um Outono tardio.
Ouvem-se novos gracejos e velhos pregões de quem vende a felicidade em troca de quase nada.
As pessoas vão-se esquecendo de si, ao mesmo tempo que tropeçam num movimento frenético que lhes adormece os sentidos.
Ouço no fundo desta rua o romântico indigente, que em prosa de trovador, encanta quem se apaixona pelo desmazelo de um amor ensaiado.
Essa voz rouca e séria, que me vai obrigando a ficar, entre citações roubadas ao tempo e plágios cantados sem tom.

este blog ...

... o prefácio de uma história apaixonada, de lágrimas nos olhos, de sorrisos imprudentes e uma maturidade sincera.
Sem pontos finais, vou deixando que as emoções tomem conta de um rosto evanescente e de um corpo inquieto, de razões controversas e tantas vezes hesitante...
Vou escrevendo, quatro anos que passam, fotografando sempre um pouco de tudo, preso que estou a uma realidade que me convida a liberdade.

segunda-feira, setembro 21, 2009

manhã...

... há dias em que gostava que a manhã não chegasse, apenas queria ficar mais um pouco entre aquele lento espreguiçar e uma ou duas palavras de um desespero latente, de uma inércia oblíqua que vai tomando conta de mim ...
... um coração que não se cansa de bater, não por necessidade de viver mas pela certeza de amar ...

segunda-feira, agosto 24, 2009

puro...

... nua, tombas sobre a mesa e vais descobrindo que em cada compasso do teu corpo existe um medo que nunca julgou as palavras que vou escrevendo num pé de dança, de mãos vazias, na certeza de uma viagem e de uma razão para que não fugisses de mim.

quarta-feira, agosto 19, 2009

amar...

... não é muito mais que um intervalo, talvez um embaraço que divide o tempo e a razão, é poder viver um momento perpetuado pela certeza de que todos esses instantes se vão prolongar por uma vida inteira. Porém, se a memória me aproxima de ti, a realidade conquista-me na dor de uma tua ausência.

segunda-feira, agosto 17, 2009

derivação...

... um vestido negro e um moderno olhar escondido entre razões temerosas e jogos de uma sedução constante que atiçam a vontade de te beijar.
Falas de ti e já só falas de ti, entre livros rasurados pelo tom inquisitório de palavras sem sentido, ouves-te e odeias-te, esqueces por momentos quanto é bom existir e perdes-te no extâse da indiferença ...
... fechas a porta e adormeces abraçada ao silêncio.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Brilho...

Sem certezas, indeterminado, deixo que a voz inconstante desça as escadas do esquecimento e no instante seguinte me prenda a esse toque que me enche de coragem para que finalmente possa desaparecer nas voluptuosas conquistas de um beijo de momento.
Essa paixão de algibeira, um fogo sensato que arde na imatura saudade de um prazer que é só nosso.

sexta-feira, julho 10, 2009

do éter...

...essa porta encostada e uma janela entreaberta dão um mote a um cárcere de virtudes explanadas ao longo de paredes apáticas despidas de cor e um mundo lá fora que se quer para amanhã.
De um tempo cansado, castigam-se os minutos roubados á vida e perde-se a coragem de olhar para trás.
Bebemos dessa ira que vai vitimando a razão.

segunda-feira, julho 06, 2009

'Garota de Ipanema'

Desembrulho as palavras numa sede derrotada pelo tempo...
Encontro-me numa cidade distante, de luzes apagadas pelo norte de uma lua que já vai alta enquanto me obrigo a desfalecer numa gentil praia morena, de tons de levante, de olhares indiscretos...
Dispo a saudade e caminho, arrastando um pouco desse silêncio comigo.
Ao largo, o êxtase que perpetua esse movimento que não dá tréguas aos sentidos irados pela incerteza.
Sento-me, até que amanheça. Adormeço esperando por ti...

quinta-feira, maio 28, 2009

ler...

...um livro pousado numa manhã serena onde se encontram duas vidas descalças pelo tempo, entre conquistas de uma meia praia e de um mar sensato que os vai julgando...
Hoje os minutos não passam, acontecem.
Só a dormência desse silêncio justifica a saudade de um olhar que se cruza nessas manhãs alvacentas, entre uma paleta de cores e uma dúzia de frases sem sentido...
...é toda essa paixão.

quarta-feira, maio 06, 2009

um momento...

... esse teu corpo nu prostrado entre os lençóis adormecidos numa noite enternecida pelo calor de uma saudade de nós.
... os minutos que passavam nesse diáfono silêncio que nos percorria a pele e em clausura, nos foi prendendo ao desejo de um tempo que não pára.
... encontramo-nos sempre tão longe daqui.

terça-feira, maio 05, 2009

imagem ...

... caminhas sobre a areia num compasso desconcertado de uma vida que adormece sobre o teu olhar nu. Devolves à razão todos os teus gestos, desenhados entre arestas sublimadas e circunferências ofegantes que desmaiam numa vida inteira de um beijo equidistante e de uma saudade transformada numa alma perdida entre imagens conservadas por esse tempo que é tão nosso.
... o relógio, esse meu amparo de uma certeza de ti.

segunda-feira, abril 27, 2009

descrição

... o vento contorce-se em ruas desertas de nós.
Vestes o meu perfume num gesto meigo de um abraço que te preenche.
Nada mais existe, senão a voz que no teu ouvido ecoa toda essa paixão que nos vai vencendo em cada minuto que nos domina.
.. tu sabes.

de(ter)...

... um café já cansado e uma conversa atirada sob a mesa numa discussão de olhos embargados pela angústia de um tempo que não pára nas nossas mãos.
Cigarro apagado, jogam-se trunfos de punho cerrado nessa madeira rude que vai rasurando aos poucos, o silêncio destruído pelos verbos construídos de gestos insensatos.
... da paixão se entende, um amor velado e uma história para sempre.

sábado, abril 18, 2009

onde...

...porque lá fora chove, é nesse intenso inverno perpétuo de luzes apagadas pelo suave aroma a terra molhada, hoje tatuada na memória de quem por lá foi passando, e não resistindo, acabou por ficar.
Estamos longe e acabamos por nos perder nas nossas próprias histórias, inventadas em minutos de uma sede quebrada pela insensatez de uma rua desfeita pela saudade de um beijo que terminava um nosso encontro.
Hoje é dia de te escrever e não imagino uma outra folha de papel que não o teu corpo devolvido pela certeza de um amor distraído por esse teu terno olhar que vai saciando o meu desejo de ti.

segunda-feira, abril 13, 2009

nessa rua...

... de fronte a um presente alado, dealbam-se meia dúzia de ideias perversas que se colam a um passado cansado que morre subtilmente no cantar de vírgulas fesceninas, numa evasão quase tão triste, como esse olhar moribundo que se engana, quando em si mesmo tropeça.
Nos dias que se conquistam de sorriso em riste, vão-se encontrando razões que se desligam de um sentimento fortuito de almas trocadas e desejos trôpegos. Nessa rua, nasceu-se de novo e olha-se em frente no minuto seguinte a um beijo roubado pela certeza de amar.

segunda-feira, março 23, 2009

manhã...

... procuro-te do lado de lá dessa cama desarranjada em que não te encontro sem que não me sinta só.
Destes dias pautados pela distância de um toque que mora longe desse nosso olhar, de um desejo sentido que me obriga a vestir esse manto de uma saudade doce, de uma vontade de sempre que me ofusca, sem que me desfaça em qualquer palavra vã, num profundo olhar teu.
... este nosso conforto humilde que se traduz em toda uma certeza do calor de um beijo teu, na claridade de um sorriso que vai adormecendo no meu peito todo esse teu prodígio que me faz ser tão teu.

domingo, março 15, 2009

uma tua carta de amor...

... afasto-me de ti para que te possa escrever um pouco.
Sem resposta armada, entendo que na eloquência de um momento que o tempo estima ser dono, assumimos como devastadora essa ausência que nos transporta até nós como sendo talvez um mal maior, perante a distância de um nosso querer, todo ele, sempre mais que perfeito.
Não havendo um reportório vulgar que me desligue dessa constante seráfica que és tu, guardo para mim, esse poente triunfal de um acordar bastardo, na forma de um sorriso que me apaixonou para sempre.
...diante das nossas narrativas cálidas, de encontros intensos e fervorosas disputas, de gracejos e contentamentos perfeitos, guardo cada minuto na razão unânime e evidente, de que nos encontramos sempre na página seguinte de um épico amor, escrito no incansável silogismo de uma constante sede de ti.

quinta-feira, março 12, 2009

só tu...

...dormes na mesma cama em que repouso todas as noites, provocas-me com o tom pueril de um teu olhar terno que me distrai com um beijo numa inesgotável sede de ti.
Mesmo de olhos fechados, sei que sorris quando te procuro nas palavras que tão bem sabes domar nessa tua arte brilhante, de frases inventadas que me fazem sair de mim.
Descobri que sabes voar por entre as nuvens que nos vão acertando o passo, em tons de um azul transparente que nos devolve á vida, no momento de um beijo que durou para sempre.
Em cada encontro, em cada instante, libertamo-nos de todas as amarras que nos amordaçam a um tempo que sabemos que não é o nosso.
Tudo isto acontece em mim, tudo isto nasceu de nós...
Apaga essa luz e deixa-te ficar em mim.

segunda-feira, março 09, 2009

porque...

... gosto de me ler no teu corpo, de me debruçar sobre ti e encontrar-te no desassossego desse teu sorriso, entre o arrepio de uma certeza e um acordar insensato de uma vontade de ficar.

quinta-feira, março 05, 2009

J.

... o baton que não usas, nos lábios que seguram as palavras, que me tornam um verbo significante de uma memória que não me deixa esquecer de ti.
Ontem, já prostrados, andámos perdidos em nós.
Decidimos ficar, mesmo quando as nossas almas comandam dois corpos nus que se entregam sem o pudor de um não.
Degladiamo-nos em razões pueris para termos existido outrora sem um sentido que nos levasse até nós.
Passaram-se anos e encontrámo-nos num fado de notas fortes, de cadências longas e sons sentidos, reinventando uma vontade tão nossa de amar para sempre.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

meridiano...

...o teu copo vazio que adormece na sombra de uma janela fechada pela força dos dias que passam e que me obriga a olhar-te em todos os momentos feios em que acordo sem ti.
Guardo o teu perfume nos lençóis desarranjados pelo calor dessas palavras que fomos trocando num segredo perfeito e de formas difusas.
Percorri o teu corpo e fui encontrando pedaços de mim nas certezas que me faziam adormecer sem regras, nos braços de uma solidão sem nome.
Nem as palavras me salvam de uma loucura tão tua.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

um lugar vazio ...

...uma avenida inteira e um silêncio que não assusta mas que também não serena.
As árvores vão adormecendo as dúvidas que destroem os ímpetos selvagens de incorrigíveis corceis que vagueiam diante de uma sublime tristeza que os abandonou num pranto...
...desses passos distorcidos por essa madrugada, perseguem-se as luzes que se vão apagando desordenadas, abeiradas que estão, junto a uma sentida saudade ausente.
Essas mesmas histórias que se vão perdendo na memória de outros dias maus, são decalcadas por si, num qualquer medo de sempre.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

fotografia...

... o velho que lê um jornal compulsivo, que bebe o café nervoso enquanto murmura ditongos de gracejo pelas palavras que transforma em suas, à medida que as lê.
O dia era de chuva amiúde.
O cansaço toma conta das caras de final de semana.
... e a chuva não pára.
As pessoas amontoam-se e empurram-se. Tropeçam e odeiam-se.
Ao longe, dois amantes, que trocam sorrisos e se beijam.
... e eles amam-se...
Amanhã, o velho continuará a dissecar as mesmas palavras que se tornaram suas confidentes, as pessoas vão continuar a amontoar-se, e os amantes a amarem-se, mesmo que a chuva não pare, haverá sempre um beijo por dar, no fundo de uma nossa rua.

sábado, janeiro 10, 2009

para ti...

... esse abandono precoce de uma primavera tardia, de um dia de sol que não desculpa o frio que nos destrói a vontade de seguirmos viagem.
trocado por tudo, deixado sem nada, ficam apenas momentos de um passado amado, por entre letras de um novo alfabeto, que julgava termos somado.
... muito menos sou, do que alguma vez pensei ser.
pois então, escravo de uma vida que não entende coisa alguma ...