segunda-feira, setembro 29, 2008

hoje ...

... encontrei-te de mãos vazias quando me pediste para te roubar o medo dessas noites frias de um Outono que tarda.
Parti sem que te olhasse nos olhos. Apenas deixei no abraço, o perfume de uma noite de Verão que hoje se arrasta e de um calor que não cala esta saudade de um tempo que não deixou que existisses longe de mim ...

quinta-feira, setembro 25, 2008

parar ...

... não me apetece parar. Se parar tenho que pensar, e eu não quero pensar. Se ao pensar me puder magoar, prefiro nem sequer ficar e se me pedirem um dia para ficar, eu vou continuar a fugir sem mais parar.
Hoje não me apetece parar. Se parar tenho que pensar, e eu hoje não quero pensar.
Não vou ficar, para não fugir, para não mais parar...
Hoje não.
Amanhã não.

terça-feira, setembro 23, 2008

anos ...

... da porta entreaberta soprava um pouco da calma que me me apaziguava uma lembrança feliz. Tantas vezes espreitei para o fundo desse corredor escuro, pensando que eram teus os passos que faziam estilhaçar aquele chão de madeira roubada pelo tempo, que parecia ganhar vida cada vez que os meus olhos se perdiam no silêncio dessa porta que mal fechava e me escondia de uma minha saudade de onde sobravam as palavras que no final se trocaram por um vulgar ponto final ...

quarta-feira, setembro 17, 2008

esta noite não estou cá...

... nesta noite de Verão, fria, estivémos à procura de uma flor de lotus num jardim mais pequeno que a palma da tua mão. Não chovia, mas soprava um vento insípido que nos fazia caminhar fugindo, sem que nos olhássemos, só por isso não te abracei, perdido que estava na pele que me fazia ter medo da tua verdade.
... de uma noite que adormeceu com a revolta de um beijo que se esqueceu, deixámos que o tempo preferisse dar lugar ao verbo existir...
Até quando?

terça-feira, setembro 16, 2008

Lisboa ...

.... por ora, encontro-me debruçado nesta janela de madeira tosca, sob esta rua de traços desenhados pelas luzes pardas de um silêncio surdo, onde apenas ouço ecoar ao longe, vozes distorcidas nas pedras de uma calçada consumida pelo tempo, e que desmaiados por entre risos de um espalhafato pueril de uma noite que começou tardia, recordo aquela minha saudade de um dia que durou para sempre ...

segunda-feira, setembro 15, 2008

Bilhete de comboio..

... porque não me escondo à espreita, não sei do que falas quando falas de mim, nunca me disseste. Se o fizeste alguma vez, perdoa-me, não me recordo.
(...)
Gosto de te ouvir dizer o nome que te apaixonou e ficar a olhar o mar contigo enquanto me contas as aventuras que exacerbas na tua doce loucura mas que ganham vida quando contadas por ti.
Sempre assim foi.
Perdes-te em amores impossíveis e vives sem escutar mais ninguém senão tu mesma.
Hoje não foi diferente e recordei-te quando tropecei nos anos que passaram por nós.

quarta-feira, setembro 03, 2008

um seu lugar...

... escondia-se naquela varanda que o obrigava a esplanar toda a sua saudade que o olhava no crepúsculo ansioso de um dia que acabava por morrer a seus olhos.
Toda a sua sede se estendia pelo fio de água ténue que caía do mesmo telhado onde brincara enquanto criança e que sobrava de um dia de outono que terminara com sol.
Tantas vezes interrompido por uma voz que o acordava, distraía aquela sede insaciável de amar, nos seus gestos vestidos de um verão quente, que resolviam preencher todo aquele silêncio com cores de uma sedução invulgar.
Pensava tantas vezes na sua nudez, preso que estava num horizonte que o obrigava a sorrir.
Despiu-a outras tantas e acabou sempre por adormecer no peito que amava ao sabor de uma música pautada pelo doce toque de um beijo roubado num silêncio seu.