domingo, dezembro 04, 2005

Só...

Se alguma vez pensei que a solidão me iria importunar nesta minha vida, seria somente nos últimos suspiros de um desespero que julgo longe, e não vejo o porquê de agora pensar de forma diferente.
Acho simplesmente um desperdício de tempo pensar que a solidão pode tomar conta de nós, só porque sim, de um momento para o outro sem que nada o anteveja, sendo que é de facto verdade, que se desaparece da vida alguém com a mesma facilidade que se aparece na nossa, mas na realidade há sempre outras pessoas que ficam, e esses sim precisarão mais de nós do que se calhar nós deles, e sendo essa a causa que nos leva a basear todas as nossas relações nos dias que passam, com certezas constantes da forma como são descartáveis as relações que mantemos e criamos, é então de todo credível, pensar que tudo isto não passa de uma desculpa para que nunca nos sintamos sós, ou até mesmo uma qualquer forma de nos protegermos de algo que negamos sentir, e será sempre um refúgio a ter em conta.
No entanto, é na verdadeira solidão, que construímos os nossos maiores pensamentos, verdade seja dita, que a solidão só é boa quando dela tiramos uma qualquer contrapartida, como o tempo que passamos a pensar no que se fez, ou não, para que se tenha conseguido estar momentaneamente só. Assim, e sem que se veja a solidão como um castigo, ou uma qualquer punição, é o momento ideal de um egoísmo admissível, e mais que tudo, uma porta aberta à reflexão.

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