segunda-feira, dezembro 26, 2005

Tempo...

Temos uma vida inteira para nos arrepender do que agora julgamos errado, mas que na altura nos pareceu o mais certo. Vivemos num constante dilema em que o tempo nos julga e em que passamos de vencedores a vencidos, de conquistadores a usurpadores.
Não nos causará por isso sofrimento saber que um dia é sempre um dia, e que nunca deixará de o ser, mas que esse mesmo dia que para nós nada significou, passou a ser mais um pouco de tempo de alguém que passou a considerar os dias aziagos, de ausência, todos aqueles dias, todo aquele tempo.
Se é verdade que o tempo não nos deixa descansar e nos atormenta, errado é quem pensa que o arrependimento é reflexão, é inteligência, pois ter-se-á encontrado a coragem, que outrora faltou, de olhar o passado e tentar compor o que de errado se fez, como se alguma vez as marcas do tempo aquietassem o transtorno de antigamente, a decepção de alguém.
Nada melhor que pensar que não andamos sozinhos nesta vida, e que muitas das vezes nos esquecemos o que é sentir, para passar a sentirmos só nós, mas nunca nos sentindo sós na forma como sentimos. Na verdade, o nosso egoísmo atinge a proporção evidente quando julgamos que temos direito a tudo e os outros a nada, até perceber isso continuamos a sentir e não deixamos que os outros sintam aquilo que para nós é normal sentir. Pensar antes de sentir é mais importante que sentir sem pensar, é negar que alguma vez o tempo possa contrariar todo aquele sentimento que muitas vezes prova não existir.
Todo esse medo faz com que deixemos de dar tempo ao nosso próprio tempo e respectivamente, ao tempo de alguém.

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