terça-feira, janeiro 29, 2008

Noites passadas...

Adormeci nos teus braços, mesmo sem dar conta que embalávamos toda a nossa memória enquanto sussurávamos todos aqueles desejos insuspeitos, os mesmos que de uma forma tranquila nos despertavam para um sonho tão real, tão nosso...
A nossa viagem começa em cada momento que nos despimos de razões e nos lançamos em mais uma aventura, que queremos sempre que não tenha um fim.
Escrevemos então na nossa saudade o que para nós é sentir como apenas só nós sentimos.
Uma nossa verdade que não passa, e que foi ficando na minha sede de ti.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Tela de água...

Só temos esta vida, mais nenhuma nos vai permitir sermos nós mesmos, senão esta que agora vivemos, a mesma que tantas vezes fizemos por esconder.
Ontem perdi-me nos meus próprios saberes enquanto aguardava junto ao teu mar de algo tão insuspeito como uma onda mais forte que me despertasse... Dei comigo de pés enterrados na areia - calçado é certo, mas com a sensação que este inverno merecia que me descalçasse e me entregasse, nem que fosse por breves instantes, a uma terra que se arrasta ao sabor de um vento que sopra, ou de uma maresia que o acaricia... tal como nós, um autêntico espelho, e é tudo tão humano, tão físico...
Quando decidimos entregar-nos a essa mesma natureza, tão nossa, a uma paisagem que nos envolve como esta, esquecemo-nos de tudo o resto, e o nosso mundo é infinito, basta olhar para o nosso horizonte. Nessa altura pensamos em tudo, no futuro, nas conquistas, nas nossas possiveis derrotas, e esse momento é um quadro, uma fotografia, a nossa tela. Recusamo-nos a olhar para trás, porque sabemos que tantas vezes falhámos, e o nosso horizonte parece ser bem mais brilhante do que a escuridão que nas nossas costas nos desassossega, nos desmente.
É de noite, passam-se horas e o sono não chega, de frente para o mesmo mar que me convidou a uma conversa amena, nasce o sol nas minhas costas, não resisto e olho... Tudo brilhava.
Quando regresso ao teu encontro, já o negro horizonte está a ser invadido por novas cores que nos despertam os sentidos, e decidimos ficar mais um pouco...
Quantas vezes te aconteceu, transformares o momento que te envolve, num reflexo da tua própria vida?

sexta-feira, janeiro 11, 2008

'A menina dos teus olhos...'

'(...) Ontem á tarde falaste-me da menina dos teus olhos, alguém que um dia te deu a mão e te fez viajar nos minutos em que antes pensavas que simplesmente a contemplavas, mas que hoje tens a certeza que a veneras.
Tudo em ti parecia um fogo imenso que ardia na memória dos teus dias, os mesmos que passaste sem a conseguir ver.(...)
Recordas tudo: o perfume, os gestos, os lábios, as conversas, os sorrisos... Parecias uma montra de uma vaidade, de quem vive feliz no seu próprio mundo e dali não quer sair.
Ontem não quiseste sair, e por ali andámos a vaguear.
Não tive coragem de te perguntar se o mundo era mesmo só teu e se o constróis sonhando, ou se o partilhas com mais alguém e o tornaste verdadeiro aos olhos de quem lá vive. (...)
Ontem á tarde ouvi-te falar de quem te faz rir e chorar.
Foi um prazer, mais que ouvir, ver-te assim.'

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Per voi...

A amplitude de um abraço mede-se por uma métrica reinventada por quem se julga tão distante de uma vontade tão próxima que é viver na saudade de uma memória que insiste em não nos largar, de um tempo que passa ligeiro e por uma certeza que nos constrói aos poucos.
Da verdade, do que fica, moram as crenças de uma esperança que embora latente, persiste num desejo que não finda, e apenas sacia no brilho de um olhar que me vislumbra a medo, um ideal de pouco mais, do que ser de verdade, de existir, como eu apenas existo.
A tua beleza distraiu qualquer sentido mais apurado, no séquito de uma defesa, que se construiu com o tempo e se desfez na sombra de um olhar que me tornou tão teu, e só teu.
Vivo assim, na calma dos segundos que nos levam para bem longe deste mundo que nos afastou na mais profunda das incertezas.
Encontro-te onde sempre te encontrei, nos meus livros, na minha história, nos meus dias de intenções, nos meus sonhos e emoções, e tudo em ti faz sentido.
Um dia faço de ti a pessoa mais feliz do mundo.

terça-feira, janeiro 08, 2008

A noite...

É o brilho dos teus olhos, é a minha voz, são as tuas dúvidas, são as minhas certezas, é a tua história, é o meu passado, é o teu pecado, é a minha angústia, é a tua fuga, é a minha memória, é a tua vida, é o meu rumo.
É uma felicidade que se desperdiça na força de uma memória dos dias que escasseiam, em que te via e nos escondíamos de um mundo que demorava a perceber o sentido da nossa viagem e que acabaria por nos surpreender na voluptuosidade de um pensamento que não me dizes se perdura, nem quando.
Epitáfio de um momento que encerra na fugaz incerteza que é sentir-te.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Sabedoria...

Estes dias foram de uma angústia sufocante.
Tudo me prendia: as imagens, a memória, a tua voz, as tuas mensagens, a ausência de um olhar que estava tão longe de mim.
Quis tanto acordar-te e obrigar-te a ver o sol comigo.
Não imaginei sequer que doesse como doeu. Não foi não te ver, foi não te sentir, saber que nada estava bem, que tudo aquilo não era certo, e que no fundo era tudo tão injusto para ti, para nós.
Não consegui ligar o rádio enquanto não te senti bem. Na verdade, tinha medo de te 'ouvir' numa dessas músicas, e chorar... Tantas vezes chorei, vezes de mais diziam-me.
Vivi como nunca vivi, algo que não era real, numa calma que não era a minha, senti-me a desaparecer, foram-me vendo desaparecer, e ninguém parecia perceber, somente eu.
Tremia quando te tentava escrever, e escrevi-te algumas vezes.
Consegui sorrir com quem me trouxe novas tuas, quem te pertence desde sempre...
Agora... as saudades e uma adoração que persiste...