Conseguimos sempre o impossível, que é baralhar as palavras de uma vida apaziguada pela calma da noite que por nós passa e nos desfalece pouco a pouco nos braços. Nunca dizemos chega, apenas porque a sede nos procura assim como nós procuramos um dia ser felizes, enfim, pensando só em nós, e na nossa própria vontade, na nossa própria ira.
Somos heróis nos livros de quem faz de nós exemplo, sem mágoa, mas com a dor típica de quem sente. Voar por voar leva-nos a sentir que mais vale o pousio de dias quentes e noites primaveris, esses mesmos, em que nos sentimos preenchidos pela brisa que passa, do que aguardarmos por paraisos tempestuosos que apenas nos arrancam da epiderme da alma uma saudade descrita em lágrimas galopantes, essas sim, dolorosamente sentidas. Voltados ao silêncio do sono tudo parece ter mais sentido, apesar das cores nos despertarem para a vida, continuamos a preferir a paz de um repouso vazio de tons, mas preenchido de secretos aromas e sabores improváveis, tão nossos...
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