sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Iguais...

Tudo o que nos envolve e nos comove, faz de nós homens de fraquezas sublimes e de suplícios constantes perante aqueles que sempre nos acharam donos de uma força bestial. Mais do que mostrar, é não conseguir esconder a verdadeira razão de nos julgarmos iguais a tantos outros mas nem por isso despidos de um qualquer sentimento que nos fazem sentir diferentes no meio de gente tão igual. Encaramos a banalidade, como um ofício que deixamos a quem se detém com a simplicidade de um tempo que nunca ousou questionar. Se revolvermos o passado, logo encontramos sinais de uma fragilidade que nos incomoda e nem por isso desistimos de ser quem somos, mas sempre com aquele medo que nos ampara quando queremos começar algo e mais que tudo, acreditamos nesse início. Recusamos encontros iguais prevendo a imprevisibilidade desse momento que nos ficará sempre como mais um, mas sempre seduzidos pelo mistério que nos ilude e nos comanda o sonho que desejamos ser real. De que nos vale então iludir o tempo que nos persegue como uma sombra sem rumo, no encalço de um homem novo, senão aguardar pelos minutos seguintes e tão céleres esses segundos que transformarão quem não se transfigura em tempo algum. Aguardamos...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Somos seres diferentes no início de um novo dia..

Todos nós somos escravos do que escrevemos, do que acreditamos, e nunca seremos seres suficientemente sérios para o admitir. Vivemos as histórias que nós próprios inventamos sem que para isso deixemos de ser quem somos. Fugimos do que a matina nos oferece, para cobardemente nos refugiarmos na noite que tanto nos ofusca e nos ilude. Oprimidos pelas mesmas letras que nos dão forma, sacrificamos paixões em nome de nada que para nós significará sempre tudo, sempre mais. Fazemos valer a nossa própria vontade nas linhas que nos perseguem em cada esquina que dobramos, voltamos sempre atrás e criticamos os mais audazes, mas não os mais capazes. Elogiamos a forma de estar de quem está bem, gostamos de sentir o aroma de uma paixão que nos desperta para o perigo de uma descoberta que nos fará crescer mais um pouco e voltarmos a ser, quem na verdade desejámos nunca deixar de ser. Recordamos como ninguém os melhores momentos, e despertamos a intensidade de um ouvinte que nos apraz olhar, como quem bebe de uma fonte sequiosa e se envolve por breves momentos numa história que não é a dele. Desafiamos os nossos pares para conversas banais e damos o nosso melhor numa prosa que nunca trará nada de novo para quem ouvir significa ser velho. Fazemos de breves minutos de prazer horas infinitamente recordadas até ao fim dos nossos dias, sem que deixemos de ser fiéis a quem nos julgou desde o primeiro minuto sermos a solução para algo que nunca chegámos a descobrir o quê. Gostamos de nos sentir desejados mas nunca dependentes de alguém que nos desenha como uma chave para todo o mistério de uma vida que nunca quisémos que fosse nossa. Saudamos o tempo que nos ensinou a ser livres de nós mesmos, resistindo sempre ao nosso fracasso. Somos seres diferentes no início de um novo dia..

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Diferenças...

A noite que nos aproxima, é a mesma noite que nos separa. Nunca temos a certeza se reconhecemos quem uma vez vimos, e se conhecemos realmente quem sempre julgámos conhecer. O mistério que outrora tomou conta dos minutos preenchidos da sedução de todos os segundos passados, acabou na mesma senda de desilusão e de um tempo cheio de nada. A ilusão sobrevive na mente de quem nunca esperou desiludir, mas que o faz sem qualquer pudor. Uma verdade que é, cada vez mais conveniente para tantos e incómoda para tão poucos...

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Dias passados...

Somos seres de uma ambição inqualificável, que nos faz transpor barreiras até então instransponíveis, mesmo sabendo o que nos espera do lado de lá, aquele momento único que nos faz sentir mestres, reis e senhores de nós mesmos. Tudo isto ao transgredir, ao abusar, ao tornar nossa uma culpa que nos faz sentir responsáveis dos actos que proferimos.
O risco então compensa quando nada mais interessa, numa luta tão intensa, como desigual, tão pouco estóica e menos ainda verdadeira, mas estamos lá e lutamos até a um fim, que até então ignorávamos. Num 'vale tudo' despeitado de qualquer lei, de qualquer regra que se possa quebrar para inocentemente terminar algo que até então nunca deveria ter começado. São usadas as tácticas mais afoitas e por isso as mais ousadas, tudo vale num jogo em que tudo se ganha ou tudo se perde, e vamos então arriscando, de batalha em batalha até conseguir um aliado que nos convença do contrário.
Vivemos cada dia convencidos de que somos capazes de fazer melhor do que no dia que passou, e que o nosso pior está longe de ser o melhor de outros tantos dias passados.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Compêndio de magia...

...Serões mágicos de uma leveza que transborda uma qualquer folha de papel e acaba nas doces memórias de quem um dia não desistiu de sonhar, momentos esses que se guardam e mais se esperam repetir, no virar de uma página só, mas de uma grande saudade, do que é sentir como se sentiu, algures em minutos passados no segredo de uma ilusão por nós criada. É então sonhar com a magia que brota de uma memória desigual e distante de tantas outras, que em forma de uma súbtil agrura, fulminam pensamentos sóbrios, que nos fazem recordar.
É exorcizar quem nós julgámos finalmente apagado das linhas da nossa vida. Sentimentos ressuscitados, que têm tanto de falso, como de uma negra utopia, que não passa disso mesmo, de uma razão, que por não a ter, não tem verdade alguma nas letras que a descrevem.
Mágicos são então aqueles bons momentos que passamos a recordar sem auxílio de um qualquer compêndio que nos faça compreender os tempos passados, os gestos vividos...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

"Nem por gestos, nem por palavras..."

Quando preenchemos a nossa vida de momentos de uma agrura sentida, que nos fazem arrepender dos segundos vividos e de palavras lançadas em cima da mesa de um jogo que resolvemos abandonar, sair sem perder nem ganhar, construímos com isso uma ideia de erro que nos acompanhará nos instantes seguintes de uma vida que tendemos a levar em diante sem sequer olhar para trás. Vive-se e morre-se assim, sobrevivem uns, desistem outros, mas haverá sempre aquela palavra mais melodiosa, aquele gesto mais insuspeito que nos fará recordar e viver de novo aquele momento. Somos certamente traídos pela mesma memória que nos atraiçoou em tempos passados, mas que nos fazem sentir vivos e autores das mais belas histórias de amor. Se para uns o sentimento é mágico, para outros não passa de uma ilusão que tende em não se tornar real, nem por gestos, nem por palavras...
Assim se vive, na incerteza de uma definição que muitos levam uma vida inteira a descobrir.