terça-feira, outubro 18, 2005

O que realmente importa...

Passam-se vários dias sem que não escutemos de alguém uma crítica de bom senso, que valorize o que realmente nós achamos importante e que para nós realmente seja pertinente. Não é uma revolta sem sentido, para isso, escutamos diáriamente vozes ocultas que nos fazem pensar se realmente valerá a pena, discutir, investir nas pessoas e declarar a política, a forma ideal de gerir poblemas num sistema já por si imperfeito mas a meu ver o ideal, o sistema democrático. Cabe-nos a nós, em pleno exercício de um dever (agora) natural, lidar com a democracia e mais importante que tudo, e começando, porque não, pela base, saber fazer política, trabalhar para ela e com ela. A política que se faz em Portugal é nula, é um modelo que não embarca em qualquer teoria política além fronteiras e que advém de uma mistura um pouco rebuscada entre um neo-liberalismo sem sentido e um socialismo com uma fraqueza já exacerbada e pouco consistente. É sem dúvida um reflexo dos tempos que correm, e de sucessivas teorias políticas falhadas, que tentaram "injectar", num país que sofre por viver uma jovem democracia e que nem por isso amadurece, e como tal, continuamos a ouvir a vox populi em queixas permanentes e sempre as mesmas, que criaram o hábito junto dos governantes de que seriam problemas irresolúveis, e a tornar crónicas as situações que mais preocupam quem tem de lidar diáriamente com elas, reflexo dessa mesma decadência e resultado de inoperâncias sucessivas e sem sentido por parte dos diferentes governantes.
As políticas sociais entram por isso em declínio, sofre com isso então quem menos tem, e a contestação aumenta, sendo então equacionada como solução, medidas com uma lógica economicista, e a meu ver as correctas, no sentido de objectivar uma melhoria quanto baste, caminhando lentamente nesta luta contra o marasmo em que nos encontramos actualmente. Tudo estaria correcto, e seria lógico se perante as medidas anunciadas e postas em prática, houvesse um consenso e menos manifestações de desacordo perante os grupos políticos e sindicatos, que tendem -naturalmente como oposição- entrar numa luta mediática e já por isso cansativa para quem os ouve, em que as críticas são feitas numa lógica populista e demagógica e por isso contra producente, em que não é minimamente objectivado, o bem comum, o país. A solução está por isso longe de ser alcançada e é tratada como utópica num país em que temos à frente dos partidos políticos, sindicatos e associações similares, quem opta pela contra-informação, pelo apelo ao boicote e á não produtividade, criando por isso, um ciclo vicioso, em que, quem trabalha protesta, e quem quer trabalhar não o faz, porque quem o faz, "combate" a produtividade protestando e invocando mais de um sistema que (para já) tenta recuperar de uma conjuntura que se foi agravando. Solução? porque não trabalhar em torno de um bem comum que é o desenvolvimento do país e levarmos o país para a frente, juntar as forças políticas e realmente trabalhar para um consenso, sem que haja protagonismos nem crises exacerbadas que têm como objectivo o voto fácil e não o bem nacional e da democracia. Ainda temos tanto que aprender, mas a juventude da democracia não é desculpa para tudo, e tudo acabará sempre por depender de nós mesmos. É o que realmente importa...

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