sábado, abril 14, 2007

Não...

Não sabemos amar, não sabemos cuidar de quem dizemos amar, não sabemos o que é o amor, pois sempre que nele pensamos deprimimos o mais profundo dos sentimentos que outrora julgámos libertador.
Somos condicionados pelos olhares que nos arrastam em formas retorcidas de uma traição injusta aos sentimentos que nos consumiram no passado e que nada mais são, do que subtis enganos tão naturais na vida que nos fazem viver e que tão vulgarmente chamamos presente. Talvez num assumido grito de revolta, nos expomos áquilo que nunca quisémos assumir como nosso mas que com isso vamos sobrevivendo, justificando tudo o que fazemos, com os actos que imputamos a alguém que julgamos que nos persegue e só por isso não nos deixa respirar.
Fugimos da vontade de dizer não, quando esse não é a resposta que nunca quisémos dar de tão verdadeira ser. Negamos o prazer, as viagens da libido que nos transforma em seres tão fisicos quanto reais, quando é aí que encontramos o pleno equilibrio entre dois seres que se desejam, mas que de tando fugirem se destroem com arrepios em forma de palavras duras e batalhadas no campo de um amor já infértil, antes consumido por uma chama a que também chamámos paixão.
Nunca foi tão dificil dizer amor, quando amar é um verbo que persiste nos nossos piores momentos e subsiste nas mais longas noites que esperámos sempre que nunca chegassem ao fim e aí sim, fizémos por conquistar a imortalidade, tantas vezes abraçada pelo calor dos segundos que teimavam em nos apressar, e que ao mesmo tempo nos seduziam e nos faziam ficar mais um pouco.
Desaparecemos de um mapa, de um norte, daquele mesmo que nos conduziu na mais pura e sentida das viagens que insistimos em recordar como irrepetível e só isso nos faz desligar de um mundo que já esteve aos nossos pés e que agora se desvaneceu na mesma rua em que nos conhecemos um dia...

1 comentário:

SP disse...

"...atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir
Mas esse tempo que há-de vir
Não se espera como a noite
Espera o dia
Nasce da força que transpira
De braços e pernas em harmonia
Já basta tanta desgraça
Que a gente tem no peito..."
J.Palma