Somos escravos das nossas próprias virtudes, quando nós mesmos não as reconhecemos como tais, deixando assim que se faça da nossa vida um vasto império de momentos sem sentido que insistimos em lembrar como eternos e tudo fazemos para não os perder, não agora.
Agarramo-nos ao tempo que insiste em nos deixar presos à memória de uma vida que julgámos abandonar no minuto que nos separou, aquele mesmo, quando finalmente nos abraçámos, e nesse momento virámos a página, aquela mesma, onde tinhamos sido a cumplicidade, a vitória, o desgosto, a memória e a saudade. Nada mais importa.
Chega agora o Outono. Caem as folhas da história de uma vida.
Sem dar oportunidade á memória desenhada pelos afectos, e no meio das páginas que insistem em me acompanhar ao sabor deste vento que já sopra frio e húmido, aconchego-me no abraço que não tenho, ao som de uma música que não toca, mas de um sonho que me permite dar os passos certos num momento que agora construo, sem conhecer quem quero, na distância de um tempo que insiste em nos deixar longe...
Chega agora o Outono. Caem as folhas da história de uma vida...