A nossa memória transcende toda e qualquer realidade física de uma saudade apenas corrompida pela voz de quem nos atenta, quem nos ouve, quem nos quer. É-nos impossível ultrapassar toda e qualquer mágoa que nos possa ter destruído (pensamos nós para sempre) ou que nos fez chorar um dia aquelas lágrimas tão pouco efémeras para momentos de um desespero clássico de um romance vivido numa analepse inventada por nós, mas sem história, não agora, não hoje.
Nem a saudade que nos surpreende nos momentos mais insuspeitos nos vem fazer frente a uma vida cheio de 'quês' e 'porquês', cheios de tudo, de um pouco de quase nada, e um imenso vazio que se perdeu na imensidão de um oceano do qual jurámos um dia ser nosso.
Tantas vezes viajamos sós, de mão dada ao que nós queremos que seja um dia bem passado, uma noite bem vivida ou uma vida inteira de emoções transformadas num amor que nos preenche os minutos preenchidos de tédio de uma vida levada de sobressaltos sem rosto, apenas descrito por gestos e sentido por quem o vive, sem medos, com tudo aquilo a que nós, e só nós, julgamos ter direito...
Ao menos continuamos donos dos nossos próprios sonhos, dos nossos próprios receios, esses que deviamos partilhar com o senso comum ninguém os leva, pois ninguém os quer.
São os nossos 'quês e porquês'...